segunda-feira, 22 de abril de 2024

Review: ⚡️ High On Fire - 'Cometh The Storm' (2024) ⚡️

★★★★

Com cerca de vinte e cinco anos de produtiva (e barulhenta) actividade, os titânicos High On Fire continuam a dar mostras de uma vitalidade invejável. Despertado de um inédito jejum discográfico de cinco anos, este pujante, indomável e electrizante tridente californiano – sediado na cidade de Oakland e liderado pelo célebre Matt Pike (Sleep) – acaba de detonar o seu novíssimo, infernal e potentíssimo ‘Cometh The Storm’ através dos formatos LP, CD e digital carimbados pela editora nova-iorquina MNRK Heavy. Resultante de um tenso, renhido e relampejante braço de ferro rivalizado entre um mastodôntico, intoxicante, euforizante e ciclónico Stoner Metal que ocasionalmente se enlameia nos nimbosos pântanos do Sludge Metal, e um poderoso, combativo, altivo e furioso Heavy Metal de vertiginosa pedalada Punk, a eruptiva, escaldante, excitante e agressiva sonoridade de ‘Cometh The Storm’ representa – com excepção do fresco, bonanceiro e romanesco tema “Karanlik Yol” que se meneia numa vistosa, relaxada e libidinosa dança de mística fragância turca, manifestando-se como que refrescante e revitalizante chuva neste argiloso e impiedoso deserto – uma destravada, endiabrada e demolidora locomotiva que tudo varre à sua frente. São cinquenta e oito minutos galopados na máxima rotação e electrificados a alta tensão que colocam à prova a robustez dos alicerces da nossa sanidade mental. Um intenso lança-chamas que nos inferniza, consome e carboniza sem qualquer misericórdia. Um impetuoso bulldozer que nos persegue, atropela e esmaga repetidas vezes. Banhem-se nesta fogosa ferocidade onde ruge uma voz felina de temperamento raivoso e tez corrosiva, rouquenha e urticante, troveja uma monolítica guitarra de ventosos, gordurosos, opressivos, e tormentosos riffs de onde ziguezagueiam apressados, lampejantes, ácidos e trepidantes solos, bafeja pesadamente um baixo obeso de linhas quentes, tensas, densas e sufocantes, e crepita uma enérgica bateria em polvorosa de açoitadas retumbantes, explosivas, incisivas e fulminantes. A admirável ilustração que confere rosto a este trevoso, sangrento, bolorento e furioso clamor aponta os seus créditos ao inconfundível Arik Roper. Este é um álbum extremamente vigoroso, aparatoso e contagiante – de efervescência vulcânica e liderança tirânica – que em nós causa um violento sismo impossível de domar. Obedeçam ao chamamento dos troantes tambores de guerra, gritem selvaticamente aos cerrados e carregados céus, desembainhem as vossas espadas sedentas e avancem, decididos e destemidos, na direcção deste fervoroso e acintoso furacão que rodopia sem travão. Depois de ter vivenciado “in loco” e pela primeiríssima vez toda a brutal e inextinguível potência de High On Fire na velha edição de 2018 do festival espanhol Kristonfest, avizinha-se agora o nosso reencontro calendarizado para o verão português no reputado festival SonicBlast.

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