Está
desvendado o segredo mais bem guardado do Prog Rock grego. ‘Garden
Electric’ é o fabuloso álbum de estreia de Jupiter Fungus: um projecto sediado
na cidade costeira de Piraeus, editado pela companhia discográfica Sound
Effect Records nos formatos LP, CD e digital, liderado por duas cabeças
pensantes e musicado por cinco prendados executantes. Numa cativante, inspirada,
requintada e gratificante homenagem à dourada década de 1970, esta banda helénica
aventura-se nos infindáveis territórios do pomposo, sublime, magnânimo e
glorioso Progressive Rock, percorrendo os verdejantes, deslumbrantes e arborizados
trilhos desbastados por clássicas referências do género tais como Eloy, Jethro
Tull, Pink Floyd, Genesis, Camel, King Crimson,
YES, Styx, Van Der Graaf Generator, Gentle Giant, Renaissance,
Nektar e Gryphon. Esculpido, polido e envernizado por uma
sonoridade elegante, lunar, fabular e apaixonante – repleto de fragâncias
sedutoras e atmosferas sonhadoras – que nos remete para soterrados tempos
medievais, este epopeico ‘Garden Electric’ embruma o ouvinte num edénico
misticismo que o eteriza do primeiro ao derradeiro tema. À boleia de arranjos odorosos,
principescos, romanescos e misteriosos que nos fazem sonhar acordados,
embarcamos, vigilantes e curiosos, numa adorável, introspectiva e inolvidável caminhada
pelos virginais bosques – de moldura mediévica e formosura nocturna – à pálida
luzência da Lua. Jupiter Fungus descortina todo um fascinante universo
onírico brilhantemente orquestrado por uma poética flauta de refrescantes,
sedosos e enleantes serpenteios, uma estética guitarra de açucarados, refinados
e provocantes riffs de onde são escoados vistosos, tocantes e copiosos
solos, um compenetrado baixo de meneios dançantes, magnéticos e pulsantes,
enfeitiçantes teclados de bailados rodopiantes, aparatosos e delirantes, uma primorosa
bateria de toque cintilante, acrobático, enfático e flamejante, e uma aristocrática (e ocasionalmente robótica) voz de pele límpida (embora episodicamente turva), emotiva e educada. Dedico ainda elogiosas considerações ao
sensacional artwork – superiormente desenhado pelo flautista da banda Fotis
Xenikoudakis – onde os nossos olhos mergulham e naufragam nas suas incessantes
marés de labiríntico, vistoso e primoroso detalhe. ‘Garden Electric’ é
um álbum lindíssimo, oxigenado a imaculada sensibilidade, iluminado por uma aura fabular e instrumentalizado a
fina virtuosidade. Um registo de admirável maturidade que se vai agigantando em
nós com o acumular de renovadas audições. Percam-se e encontrem-se nos meandros desta caprichada obra capaz de agradar tanto a gregos como a troianos.
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