quarta-feira, 30 de julho de 2025
Review: 🐮 Domadora - 'Indian' (2025) 🐮
Com 15 anos de
rodagem e uma mão cheia de álbuns, o electrizante power-trio parisiense Domadora
continua a sua psicotrópica jornada pelo negro asfalto cósmico com o lançamento
do seu novo trabalho designado ‘Indian’ e lançado sob o exclusivo formato
digital com o selo editorial de autor. Electrificado por um fulminante, intoxicante,
ritualístico e trepidante Heavy Psych de essência puramente instrumental,
este 6º registo da banda francesa baloiça-nos por entre fogosas, empolgantes e vertiginosas
galopadas de instrumentos em sónica debandada que nos causam explosivas erupções
de adrenalina, e meditativas, lenitivas e orvalhadas passagens atmosféricas de
uma embriaguez etérea que nos permite recuperar o fôlego e ganhar balanço para novos
disparos locomovidos a alta rotação. A sua sonoridade sísmica, mística,
narcótica e alucinógena partilha o ADN de bandas como Sleep, Earthless,
Tia Carrera, Ahkmed, Harsh Toke, Blown Out e Heavy
Trip, envolvendo e revolvendo o ouvinte embriagado num alucinante e atordoado
mergulho através da estremecedora e rodopiante boca do Cosmos deslumbrante. De sentidos
inebriados, membros atados e passo trôpego vagueamos – num febril estádio de ébria
sonolência – pelas imersivas, explorativas, evolutivas e venenosas jams
de alta voltagem e rápida absorção deste irreverente tridente ofensivo. Uma encaracolada
montanha-russa desbravada a duas velocidades que tanto nos mergulha nas
profundezas da melancólica lisergia como resvala furiosamente pelas costuras rebentadas
da vulcânica euforia. Uma nebulosa hipnose de incenso canábico directamente
inalado de uma guitarra selvagem que tudo varre através de ventosos, dançantes,
vibrantes e rugosos riffs, e ácidos enxames de rodopiantes, esvoaçantes,
ecoantes e infindáveis solos, um baixo sisudo de bafo viçoso, tenso, denso e
espinhoso, e uma bateria explosiva de percussão altiva, incisiva e tribalista
capaz de ressuscitar e desenterrar velhos fantasmas indígenas. ‘Indian’
é um impactante álbum de natureza alucinógena, exótica, caleidoscópica e ritualista
– detentor de uma toxicidade a perder de vista – que nos centrifuga a alma, descarrila
a lucidez e desarruma a sanidade mental. Uma viagem visceral pelo enérgico, delirante
e psicadélico universo de Domadora do qual ninguém sairá ileso. Cinco
cintilantes estrelas para este indomável cometa que incendeia a eterna noite cósmica.
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terça-feira, 29 de julho de 2025
segunda-feira, 28 de julho de 2025
domingo, 27 de julho de 2025
quinta-feira, 24 de julho de 2025
quarta-feira, 23 de julho de 2025
terça-feira, 22 de julho de 2025
domingo, 20 de julho de 2025
quinta-feira, 17 de julho de 2025
quarta-feira, 16 de julho de 2025
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Review: 🏰 Wytch Hazel - 'V: Lamentations' (2025, Bad Omen Recs) 🏰
À cidade
britânica de Lancaster regressam, invictos, os quatro cavaleiros cristãos Wytch Hazel depois da sua quinta e gloriosa cruzada apelidada ‘V: Lamentations’, promovida
pela editora discográfica londrina Bad Omen Records através dos formatos
LP, CD e digital. Escudado num elegante, melódico, romântico e viciante Hard
Rock de armadura medieval, num altivo, ostentoso, majestoso e emotivo Heavy
Metal de estirpe tradicional, e ainda num pastoral, místico, rústico e
ancestral Folk Rock de agradável clima outonal, este seu quinto trabalho de
longa duração cavalga impiedosamente na nossa direcção de lanças empunhadas e
espadas desembainhadas, tomando de assalto os nossos corações já trespassados pela flecha de cupido. Rendidos, comovidos
e apaixonados pela sua trovadora, harmoniosa, lustrosa e sonhadora sonoridade de
amarelecido brilho vintage – herdeira de vultosas referências clássicas como Blue
Öyster Cult, Boston, Kansas, Thin Lizzy, Styx, Chicago
e Journey, bem como de outras incontornáveis bandas da contemporaneidade como Hällas,
Svartanatt, Haunt, Freeways e Spirit Adrift – somos
uma presa demasiado fácil. Charmoso, poético, profético, meloso e detentor de um poder miraculoso e curativo, ‘V:
Lamentations’ é uma ornamentada, inspiradora e consumada obra-prima de
contornos épicos que não deixará nenhum ouvinte recostado à indiferença. Um
álbum verdadeiramente irresistível – de crepuscular beleza e espectacular
destreza – que nos obriga, de olhos cintilantes e ouvidos salivantes, a experienciá-lo
vezes e vezes sem conta. Deixando em nós o caramelizado trago da doce nostalgia,
este afável, admirável e santificado registo de Wytch Hazel parece ter
sido virtuosamente forjado nas incandescentes fornalhas dos gloriosos 70’s e 80’s.
Um feitiço – impossível de ser quebrado – que nos amolece e enternece o coração do primeiro ao derradeiro tema. Confinados no interior das altas muralhas do imperioso e vitorioso reino Wytch Hazel, é tão fácil deixarmo-nos embevecer, prender e
envolver numa fascinante narrativa fabular superiormente musicada por duas
guitarras siamesas que bailam numa vistosa desgarrada de magistrais, libidinosos,
glamorosos e esculturais riffs e se desatam e envaidecem na alucinada
condução de solos fenomenais, sumptuosos, refinados e sentimentais, um baixo vagueante
de linhas nervudas, sombreadas, oleadas e parrudas, uma bateria empolgante de
ritmo leve, animado, desembaraçado e cativante, e uma voz reinante, melódica,
aristocrática e galante que lidera com ofuscante carisma toda esta triunfante galopada
para o sangrento epicentro da batalha. Deixem-se cortejar e conquistar pela ritualística
sensualidade de Wytch Hazel, e comunguem, inebriados em êxtase e devoção,
este seu cálice sagrado. Um dos grandes álbuns editados em 2025 está aqui, no coração
mediévico desta inviolável fortificação.
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sábado, 12 de julho de 2025
sexta-feira, 11 de julho de 2025
quinta-feira, 10 de julho de 2025
quarta-feira, 9 de julho de 2025
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Review: ✨ Da Captain Trips - 'In Between' (2025, Subsound Records) ✨
O quarteto
italiano Da Captain Trips está de regresso com o lançamento do seu
novíssimo álbum, três anos depois do seu antecessor ‘Maths of the Elements’
(aqui revisto e copiosamente elogiado), apelidado ‘In Between’
e editado nos formatos LP, CD e digital com o carimbo da companhia discográfica
romana Subsound Records. Norteado por um relaxante, aromático, magnético
e extasiante Psychedelic Rock com um fresco e salgado sabor a mar, um meditativo, libertador,
revelador e lenitivo Space Rock com vista desabrigada para a eterna
noite cósmica, e um atmosférico, deslumbrante, apaixonante e cinematográfico Post
Rock que nos faz lacrimejar, ‘In Between’ inspira-se n’O Livro
Tibetano dos Mortos. Uma ponte entre a vida e o renascimento, intervalada
pela morte e electrificada pela imortal energia consciencial, onde se vislumbram
divindades e percepciona a irradiante clara luz primordial. Combinando
influências de bandas como 35007, Ahkmed, Leech, My
Brother the Wind, Interkosmos e Rotor, a sua mística, ritualística
e celestial sonoridade leva o ouvinte a testemunhar uma milagrosa experiência
transcendental que lhe desancora a consciência da gravidade terrestre e,
deixando para trás o seu respectivo corpo caído, vazio e inanimado, ascende aos
mais distantes astros do espaço alienígena incensado a aroma oriental. De olhar
envidraçado, sorriso desabrochado e espírito embriagado embarcamos numa transformadora,
regeneradora e fantástica odisseia onde o anoitecer da vida se mistura com a amanhecer
da morte. Uma verdadeira revolução espiritual que nos metamorfoseia as lentes
da percepção e estimula a emancipação mental pela vertigem das autoestradas siderais.
Ataráxico, anestésico, sublime e mágico, ‘In Between’ é um álbum verdadeiramente
maravilhoso, de propriedades terapêuticas, que parece musicar, endeusar e
eternizar as mais belas memórias da nossa vida. Com comoventes passagens que
nos acordam a nostalgia, abrandam a respiração, amolecem o coração e agitam a
ondulação das águas que se escondem por detrás dos nossos olhos, esta inspiradora
obra de Da Captain Trips vive na luz e na sombra, na esperança e na
descrença, colocando-nos num estado de total permeabilidade emocional. Na génese
deste fármaco capaz de curar a alma e de a preparar para a derradeira partida
gravitam entre si uma admirável guitarra de acordes conduzidos a atraente sagacidade
e edificados a lapidar fragilidade, um baixo vagabundo de linhas elásticas, hipnóticas
e ondulantes, uma bateria lustrosa de ritmicidade airosa e estimulante, e toda
uma imersiva profusão de teclados enfeitiçantes que entoam veludosas e tocantes
melodias Angelo Badalamenti’anas. Este é um álbum imensamente sedutor, detentor
de uma consumada beleza crepuscular, que nos adormece, enternece e conforta. Um
registo emocionante, revestido por um manto estelar, atestado de uma
sensibilidade que nos desarma e atira aos braços da vulnerabilidade. De
espírito anoitecido, ébrio e comovido, percorremos, sonâmbulos, os velhos corredores
da doce melancolia que nos aprisionam num utópico mundo de fantasia. Percam-se e
encontrem-se na intimidade do universo onírico de Da Captain Trips sem a
mais pequena vontade de despertar. São 38 minutos de irresistível sedução. No final deste miraculoso ‘In Between’ só nos
resta pestanejar, secar as lágrimas e demoradamente suspirar: “Que álbum tão
lindo!”.




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