quarta-feira, 30 de julho de 2025

💗 Caravan 'In the Land of Grey and Pink' Documentary

💐 Ozzy Osbourne

📷 Musik Express (1972)

🌴 Brant Bjork

Review: 🐮 Domadora - 'Indian' (2025) 🐮

★★★★

Com 15 anos de rodagem e uma mão cheia de álbuns, o electrizante power-trio parisiense Domadora continua a sua psicotrópica jornada pelo negro asfalto cósmico com o lançamento do seu novo trabalho designado ‘Indian’ e lançado sob o exclusivo formato digital com o selo editorial de autor. Electrificado por um fulminante, intoxicante, ritualístico e trepidante Heavy Psych de essência puramente instrumental, este 6º registo da banda francesa baloiça-nos por entre fogosas, empolgantes e vertiginosas galopadas de instrumentos em sónica debandada que nos causam explosivas erupções de adrenalina, e meditativas, lenitivas e orvalhadas passagens atmosféricas de uma embriaguez etérea que nos permite recuperar o fôlego e ganhar balanço para novos disparos locomovidos a alta rotação. A sua sonoridade sísmica, mística, narcótica e alucinógena partilha o ADN de bandas como Sleep, Earthless, Tia Carrera, Ahkmed, Harsh Toke, Blown Out e Heavy Trip, envolvendo e revolvendo o ouvinte embriagado num alucinante e atordoado mergulho através da estremecedora e rodopiante boca do Cosmos deslumbrante. De sentidos inebriados, membros atados e passo trôpego vagueamos – num febril estádio de ébria sonolência – pelas imersivas, explorativas, evolutivas e venenosas jams de alta voltagem e rápida absorção deste irreverente tridente ofensivo. Uma encaracolada montanha-russa desbravada a duas velocidades que tanto nos mergulha nas profundezas da melancólica lisergia como resvala furiosamente pelas costuras rebentadas da vulcânica euforia. Uma nebulosa hipnose de incenso canábico directamente inalado de uma guitarra selvagem que tudo varre através de ventosos, dançantes, vibrantes e rugosos riffs, e ácidos enxames de rodopiantes, esvoaçantes, ecoantes e infindáveis solos, um baixo sisudo de bafo viçoso, tenso, denso e espinhoso, e uma bateria explosiva de percussão altiva, incisiva e tribalista capaz de ressuscitar e desenterrar velhos fantasmas indígenas. ‘Indian’ é um impactante álbum de natureza alucinógena, exótica, caleidoscópica e ritualista – detentor de uma toxicidade a perder de vista – que nos centrifuga a alma, descarrila a lucidez e desarruma a sanidade mental. Uma viagem visceral pelo enérgico, delirante e psicadélico universo de Domadora do qual ninguém sairá ileso. Cinco cintilantes estrelas para este indomável cometa que incendeia a eterna noite cósmica.

Links:
 Facebook
 Instagram
 Bandcamp

🖤 Support EL COYOTE

segunda-feira, 14 de julho de 2025

🦅 Leif de Leeuw Band - "Small Town" (Live, 2025)

Review: 🏰 Wytch Hazel - 'V: Lamentations' (2025, Bad Omen Recs) 🏰

★★★★

À cidade britânica de Lancaster regressam, invictos, os quatro cavaleiros cristãos Wytch Hazel depois da sua quinta e gloriosa cruzada apelidada ‘V: Lamentations’, promovida pela editora discográfica londrina Bad Omen Records através dos formatos LP, CD e digital. Escudado num elegante, melódico, romântico e viciante Hard Rock de armadura medieval, num altivo, ostentoso, majestoso e emotivo Heavy Metal de estirpe tradicional, e ainda num pastoral, místico, rústico e ancestral Folk Rock de agradável clima outonal, este seu quinto trabalho de longa duração cavalga impiedosamente na nossa direcção de lanças empunhadas e espadas desembainhadas, tomando de assalto os nossos corações já trespassados pela flecha de cupido. Rendidos, comovidos e apaixonados pela sua trovadora, harmoniosa, lustrosa e sonhadora sonoridade de amarelecido brilho vintage – herdeira de vultosas referências clássicas como Blue Öyster Cult, Boston, Kansas, Thin Lizzy, Styx, Chicago e Journey, bem como de outras incontornáveis bandas da contemporaneidade como Hällas, Svartanatt, Haunt, Freeways e Spirit Adrift – somos uma presa demasiado fácil. Charmoso, poético, profético, meloso e detentor de um poder miraculoso e curativo, ‘V: Lamentations’ é uma ornamentada, inspiradora e consumada obra-prima de contornos épicos que não deixará nenhum ouvinte recostado à indiferença. Um álbum verdadeiramente irresistível – de crepuscular beleza e espectacular destreza – que nos obriga, de olhos cintilantes e ouvidos salivantes, a experienciá-lo vezes e vezes sem conta. Deixando em nós o caramelizado trago da doce nostalgia, este afável, admirável e santificado registo de Wytch Hazel parece ter sido virtuosamente forjado nas incandescentes fornalhas dos gloriosos 70’s e 80’s. Um feitiço – impossível de ser quebrado – que nos amolece e enternece o coração do primeiro ao derradeiro tema. Confinados no interior das altas muralhas do imperioso e vitorioso reino Wytch Hazel, é tão fácil deixarmo-nos embevecer, prender e envolver numa fascinante narrativa fabular superiormente musicada por duas guitarras siamesas que bailam numa vistosa desgarrada de magistrais, libidinosos, glamorosos e esculturais riffs e se desatam e envaidecem na alucinada condução de solos fenomenais, sumptuosos, refinados e sentimentais, um baixo vagueante de linhas nervudas, sombreadas, oleadas e parrudas, uma bateria empolgante de ritmo leve, animado, desembaraçado e cativante, e uma voz reinante, melódica, aristocrática e galante que lidera com ofuscante carisma toda esta triunfante galopada para o sangrento epicentro da batalha. Deixem-se cortejar e conquistar pela ritualística sensualidade de Wytch Hazel, e comunguem, inebriados em êxtase e devoção, este seu cálice sagrado. Um dos grandes álbuns editados em 2025 está aqui, no coração mediévico desta inviolável fortificação.

Links:
 Facebook
 Instagram
 Bandcamp
 Bad Omen Records

🖤 Support EL COYOTE

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Review: ✨ Da Captain Trips - 'In Between' (2025, Subsound Records) ✨

★★★★

O quarteto italiano Da Captain Trips está de regresso com o lançamento do seu novíssimo álbum, três anos depois do seu antecessor ‘Maths of the Elements’ (aqui revisto e copiosamente elogiado), apelidado ‘In Between’ e editado nos formatos LP, CD e digital com o carimbo da companhia discográfica romana Subsound Records. Norteado por um relaxante, aromático, magnético e extasiante Psychedelic Rock com um fresco e salgado sabor a mar, um meditativo, libertador, revelador e lenitivo Space Rock com vista desabrigada para a eterna noite cósmica, e um atmosférico, deslumbrante, apaixonante e cinematográfico Post Rock que nos faz lacrimejar, ‘In Between’ inspira-se n’O Livro Tibetano dos Mortos. Uma ponte entre a vida e o renascimento, intervalada pela morte e electrificada pela imortal energia consciencial, onde se vislumbram divindades e percepciona a irradiante clara luz primordial. Combinando influências de bandas como 35007, Ahkmed, Leech, My Brother the Wind, Interkosmos e Rotor, a sua mística, ritualística e celestial sonoridade leva o ouvinte a testemunhar uma milagrosa experiência transcendental que lhe desancora a consciência da gravidade terrestre e, deixando para trás o seu respectivo corpo caído, vazio e inanimado, ascende aos mais distantes astros do espaço alienígena incensado a aroma oriental. De olhar envidraçado, sorriso desabrochado e espírito embriagado embarcamos numa transformadora, regeneradora e fantástica odisseia onde o anoitecer da vida se mistura com a amanhecer da morte. Uma verdadeira revolução espiritual que nos metamorfoseia as lentes da percepção e estimula a emancipação mental pela vertigem das autoestradas siderais. Ataráxico, anestésico, sublime e mágico, ‘In Between’ é um álbum verdadeiramente maravilhoso, de propriedades terapêuticas, que parece musicar, endeusar e eternizar as mais belas memórias da nossa vida. Com comoventes passagens que nos acordam a nostalgia, abrandam a respiração, amolecem o coração e agitam a ondulação das águas que se escondem por detrás dos nossos olhos, esta inspiradora obra de Da Captain Trips vive na luz e na sombra, na esperança e na descrença, colocando-nos num estado de total permeabilidade emocional. Na génese deste fármaco capaz de curar a alma e de a preparar para a derradeira partida gravitam entre si uma admirável guitarra de acordes conduzidos a atraente sagacidade e edificados a lapidar fragilidade, um baixo vagabundo de linhas elásticas, hipnóticas e ondulantes, uma bateria lustrosa de ritmicidade airosa e estimulante, e toda uma imersiva profusão de teclados enfeitiçantes que entoam veludosas e tocantes melodias Angelo Badalamenti’anas. Este é um álbum imensamente sedutor, detentor de uma consumada beleza crepuscular, que nos adormece, enternece e conforta. Um registo emocionante, revestido por um manto estelar, atestado de uma sensibilidade que nos desarma e atira aos braços da vulnerabilidade. De espírito anoitecido, ébrio e comovido, percorremos, sonâmbulos, os velhos corredores da doce melancolia que nos aprisionam num utópico mundo de fantasia. Percam-se e encontrem-se na intimidade do universo onírico de Da Captain Trips sem a mais pequena vontade de despertar. São 38 minutos de irresistível sedução. No final deste miraculoso ‘In Between’ só nos resta pestanejar, secar as lágrimas e demoradamente suspirar: “Que álbum tão lindo!”.