Dos encantados bosques suecos
chega-nos o enfeitiçante ritual Wicca soberbamente musicado pelo habilidoso quarteto
escandinavo Homegrown, de denominação homónima e editado pela sua compatriota
Majestic Mountain Records. Este segundo álbum da turma residente na
cidade de Gotemburgo vem incensado por uma mágica sonoridade – cozinhada
num fervilhante e borbulhante caldeirão, abraçado por dançantes lavaredas e no
qual são submergidas e remexidas ervas curativas que libertam densos vapores de
odores silvestres – onde gravitam entre si um meloso, sedutor, trovador e formoso Psychedelic
Rock de deslumbrante atmosfera rural, um ostentoso, enleante, dançante e majestoso Progressive
Rock de ornamentada moldura medieval e um outonal, bucólico, druídico e devocional Folk
de forte inspiração ancestral. Fresco, rústico, mélico e romanesco – banhado
por um amarelecido brilho vintage –, ‘Homegrown’ é um apaixonante
registo de misticidade cerimoniosa e sublimidade fantasiosa que nos amolece o
coração, enternece o olhar e inebria de uma sagrada fascinação. Com reminiscências trazidas dos britânicos Wishbone
Ash e ecos contemporâneos colhidos nos seus conterrâneos Montgolfière, bem
como nos seus vizinhos noruegueses Needlepoint, este miraculoso trabalho
dos xamãs suecos causara em mim um tremendo impacto e o mesmo continua a
crescer e a surpreender com o acumular de renovadas audições. Deliciosamente detalhado,
delicadamente esculpido e elegantemente trajado, ‘Homegrown’ é um virginal
paraíso natural de aura fabular onde a magia acontece e permanece. Verdadeira poesia
instrumental. Rendidos, extasiados e embevecidos, caminhamos livremente de
olhar esfaimado pelas verdejantes planícies trilhadas por aventurosos cavaleiros
de lanças empunhadas, habitadas por frondosas florestas que escondem feiticeiras
e animais lendários, e vigiadas de perto por imponentes castelos que recortam o
firmamento. Com duas mãos repletas de galantes, maviosos, pomposos e
semelhantes temas de contagiante meneio celta, ‘Homegrown’ toma-nos de
assalto durante 52 minutos. Munidos de duas irresistíveis guitarras siamesas
que se entrançam numa ritualística e afrodisíaca dança de formosos, vistosos, polidos
e envernizados acordes que nos namoram desavergonhadamente, e minuciosos,
delgados, refinados e primorosos solos que nos fazem revirar o olhar e cravar
os dentes nos lábios, um baixo bamboleante de linhas vagueantes, fluídas,
entretidas e magnetizantes, e uma deliciosa bateria de ritmos desembaraçados,
leves, atraentes e condimentados, este quarteto nórdico acaba de fabricar uma autêntica obra-prima. Este é um álbum piramidal, de admirável destreza,
erudita fineza e beleza escultural, que me proibira de pestanejar e fizera
salivar entre o primeiro e o derradeiro tema que o balizam. Uma tocante, provocante e imersiva liturgia
– arejada, aromática e caramelizada – que nos seduz, envolve e conduz à nirvânica
salvação. Um dos grandiosos álbuns forjados em 2025 está aqui. Purifiquem-se
nele.
Links:
➥ Instagram
➥ Bandcamp
➥ Majestic Mountain Records

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