segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Review: 🏰 Homegrown - 'Homegrown' (2025, Majestic Mountain) 🏰

★★★★

Dos encantados bosques suecos chega-nos o enfeitiçante ritual Wicca soberbamente musicado pelo habilidoso quarteto escandinavo Homegrown, de denominação homónima e editado pela sua compatriota Majestic Mountain Records. Este segundo álbum da turma residente na cidade de Gotemburgo vem incensado por uma mágica sonoridade – cozinhada num fervilhante e borbulhante caldeirão, abraçado por dançantes lavaredas e no qual são submergidas e remexidas ervas curativas que libertam densos vapores de odores silvestres – onde gravitam entre si um meloso, sedutor, trovador e formoso Psychedelic Rock de deslumbrante atmosfera rural, um ostentoso, enleante, dançante e majestoso Progressive Rock de ornamentada moldura medieval e um outonal, bucólico, druídico e devocional Folk de forte inspiração ancestral. Fresco, rústico, mélico e romanesco – banhado por um amarelecido brilho vintage –, ‘Homegrown’ é um apaixonante registo de misticidade cerimoniosa e sublimidade fantasiosa que nos amolece o coração, enternece o olhar e inebria de uma sagrada fascinação. Com reminiscências trazidas dos britânicos Wishbone Ash e ecos contemporâneos colhidos nos seus conterrâneos Montgolfière, bem como nos seus vizinhos noruegueses Needlepoint, este miraculoso trabalho dos xamãs suecos causara em mim um tremendo impacto e o mesmo continua a crescer e a surpreender com o acumular de renovadas audições. Deliciosamente detalhado, delicadamente esculpido e elegantemente trajado, ‘Homegrown’ é um virginal paraíso natural de aura fabular onde a magia acontece e permanece. Verdadeira poesia instrumental. Rendidos, extasiados e embevecidos, caminhamos livremente de olhar esfaimado pelas verdejantes planícies trilhadas por aventurosos cavaleiros de lanças empunhadas, habitadas por frondosas florestas que escondem feiticeiras e animais lendários, e vigiadas de perto por imponentes castelos que recortam o firmamento. Com duas mãos repletas de galantes, maviosos, pomposos e semelhantes temas de contagiante meneio celta, ‘Homegrown’ toma-nos de assalto durante 52 minutos. Munidos de duas irresistíveis guitarras siamesas que se entrançam numa ritualística e afrodisíaca dança de formosos, vistosos, polidos e envernizados acordes que nos namoram desavergonhadamente, e minuciosos, delgados, refinados e primorosos solos que nos fazem revirar o olhar e cravar os dentes nos lábios, um baixo bamboleante de linhas vagueantes, fluídas, entretidas e magnetizantes, e uma deliciosa bateria de ritmos desembaraçados, leves, atraentes e condimentados, este quarteto nórdico acaba de fabricar uma autêntica obra-prima. Este é um álbum piramidal, de admirável destreza, erudita fineza e beleza escultural, que me proibira de pestanejar e fizera salivar entre o primeiro e o derradeiro tema que o balizam. Uma tocante, provocante e imersiva liturgia – arejada, aromática e caramelizada – que nos seduz, envolve e conduz à nirvânica salvação. Um dos grandiosos álbuns forjados em 2025 está aqui. Purifiquem-se nele.

Links:
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