Depois de no
início do presente ano o explosivo tridente ofensivo britânico Requiem Blues
– residente na cidade de Liverpool – ter detonado o seu entusiástico EP
de estreia (aqui trazido e imoderadamente reverenciado), o mesmo regressa
agora com mais um bombástico registo de curta duração intitulado ‘Same Old
Story’ e editado pela Helium Head Records no exclusivo formato digital. A par do que acontece com
o seu irmão mais velho, ‘Same Old Story’ é orientado e chamejado por um incrível, picante,
provocante e irresistível Blues Rock de libidinoso balanço boogie
e mãos dadas a um exuberante, tonificado, electrizante e lubrificado Hard Rock de amarelecido
brilho vintage. Uma bebida espirituosa – de trago mélico e urticante – que nos seduz,
alcooliza e conduz à rendição. A sua sonoridade ardente, movediça, atiradiça e atraente
– atestada de testosterona – presta uma descarada homenagem a Rory
Gallagher’s Taste (como o nome do EP, a versão cover desse mesmo tema
originário de Taste (proveniente do álbum de estreia lançado em 1969) aqui
presente e o belo artwork assim o sugerem), bem como a outros dinossauros da
segunda metade da década de 1960 e da primeira metade da década de 1970 como Budgie,
Blue Cheer, Cactus, ZZ Top, Sir Lord Baltimore, Captain
Beyond, Pentagram, Iron Claw, Jerusalem, Bang, Leaf
Hound e Truth & Janey. Vibrante, delirante, apimentado e
viciante, ‘Same Old Story’ é um EP abrasivo que nos incendeia em afrodisíaca
tentação e esporeia de selvática comoção. São apenas 12 minutos sobrecarregados
de endorfinas, banhados a tintura psicotrópica e inflamados a fritura cósmica,
que nos fazem salivar por mais, muito, muito mais. Uma vertiginosa, extasiante,
aparatosa e sónica galopada – de desenfreados instrumentos em caótica debandada
– que em nós provoca um poderoso sismo emocional. Deixem-se entontecer,
inebriar e ferver à estimulante boleia uma guitarra reptiliana que se bamboleia
num erótico deboche de enleantes, carnudos, encaracolados e galvanizantes riffs
que se desdobram em catadupa, e endoidece numa ácida e psicadélica gritaria de ciclónicos,
assanhados, desgarrados e histéricos solos, um baixo insuflado que se meneia em
linhas baloiçadas, elásticas, esféricas e empoladas, uma endiabrada bateria
escoiceada a virtuosos, leves, livres e espalhafatosos malabarismos rítmicos, uma
voz reinante, ecoante e melodiosa de pele acrimoniosa, ferrugenta e venenosa
que se equilibra sem nunca perder a postura nas sacudidas costas deste buliçoso
rodeo, e um teclado propulsivo de mugidos polposos, enigmáticos,
anárquicos e gloriosos que arremessa a toda a velocidade o derradeiro tema deste
EP na vertiginosa direcção da deslumbrante medula estelar. Este é um registo
verdadeiramente impactante e arrebatador que nos engole e centrifuga numa emancipadora,
desorientadora e alucinante viagem. Um poderoso vórtice onde todo o cosmos é aspirado
e remexido numa enlouquecedora espiral de cores berrantes, caleidoscópicas e pulsantes.
Estou de coração flechado pelo cupido Requiem Blues.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
Review: 🌶️ Requiem Blues - 'Same Old Story' EP (2025, Helium Head) 🌶️
★★★★★
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