sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Review: 🌶️ Requiem Blues - 'Same Old Story' EP (2025, Helium Head) 🌶️

★★★★

Depois de no início do presente ano o explosivo tridente ofensivo britânico Requiem Blues – residente na cidade de Liverpool – ter detonado o seu entusiástico EP de estreia (aqui trazido e imoderadamente reverenciado), o mesmo regressa agora com mais um bombástico registo de curta duração intitulado ‘Same Old Story’ e editado pela Helium Head Records no exclusivo formato digital. A par do que acontece com o seu irmão mais velho, ‘Same Old Story’ é orientado e chamejado por um incrível, picante, provocante e irresistível Blues Rock de libidinoso balanço boogie e mãos dadas a um exuberante, tonificado, electrizante e lubrificado Hard Rock de amarelecido brilho vintage. Uma bebida espirituosa – de trago mélico e urticante – que nos seduz, alcooliza e conduz à rendição. A sua sonoridade ardente, movediça, atiradiça e atraente – atestada de testosterona – presta uma descarada homenagem a Rory Gallagher’s Taste (como o nome do EP, a versão cover desse mesmo tema originário de Taste (proveniente do álbum de estreia lançado em 1969) aqui presente e o belo artwork assim o sugerem), bem como a outros dinossauros da segunda metade da década de 1960 e da primeira metade da década de 1970 como Budgie, Blue Cheer, Cactus, ZZ Top, Sir Lord Baltimore, Captain Beyond, Pentagram, Iron Claw, Jerusalem, Bang, Leaf Hound e Truth & Janey. Vibrante, delirante, apimentado e viciante, ‘Same Old Story’ é um EP abrasivo que nos incendeia em afrodisíaca tentação e esporeia de selvática comoção. São apenas 12 minutos sobrecarregados de endorfinas, banhados a tintura psicotrópica e inflamados a fritura cósmica, que nos fazem salivar por mais, muito, muito mais. Uma vertiginosa, extasiante, aparatosa e sónica galopada – de desenfreados instrumentos em caótica debandada – que em nós provoca um poderoso sismo emocional. Deixem-se entontecer, inebriar e ferver à estimulante boleia uma guitarra reptiliana que se bamboleia num erótico deboche de enleantes, carnudos, encaracolados e galvanizantes riffs que se desdobram em catadupa, e endoidece numa ácida e psicadélica gritaria de ciclónicos, assanhados, desgarrados e histéricos solos, um baixo insuflado que se meneia em linhas baloiçadas, elásticas, esféricas e empoladas, uma endiabrada bateria escoiceada a virtuosos, leves, livres e espalhafatosos malabarismos rítmicos, uma voz reinante, ecoante e melodiosa de pele acrimoniosa, ferrugenta e venenosa que se equilibra sem nunca perder a postura nas sacudidas costas deste buliçoso rodeo, e um teclado propulsivo de mugidos polposos, enigmáticos, anárquicos e gloriosos que arremessa a toda a velocidade o derradeiro tema deste EP na vertiginosa direcção da deslumbrante medula estelar. Este é um registo verdadeiramente impactante e arrebatador que nos engole e centrifuga numa emancipadora, desorientadora e alucinante viagem. Um poderoso vórtice onde todo o cosmos é aspirado e remexido numa enlouquecedora espiral de cores berrantes, caleidoscópicas e pulsantes. Estou de coração flechado pelo cupido Requiem Blues.

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