terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Review: 🚀 Ring Van Möbius - 'Firebrand' (2025, Apollon Records) 🚀

★★★★

É ainda assoberbado por sentimentos contrastantes, mas contrabalançados, que redijo estas choradas, sinceras e apaixonadas palavras sobre o novo, surpreendente e magistral álbum dos noruegueses Ring Van Möbius, intitulado ‘Firebrand’ e editado pela companhia discográfica local Apollon Records nos formatos LP, CD e digital. Se por um lado sinto o ardente entusiasmo por vivenciar de ouvidos salivantes, olhos relampejantes e batimentos cardíacos galopantes toda a imperial majestosidade daquela que se perfila como a obra suprema de um dos meus grupos favoritos da modernidade, por outro sinto em igual dose a gélida tristeza de constatar que se trata mesmo do derradeiro álbum produzido por este talentoso tridente nórdico (anúncio oficializado pelo próprio) que, lamentavelmente, desta forma, regressará ao estado de total hibernação em que aparentemente já se encontrava antes desta sua inesperada aparição com um novíssimo álbum em mãos. Pensado, esboçado e executado em total segredo, ‘Firebrand’ é um grandioso, melancólico, erudito, mediévico e glorioso álbum de criação conceptual e gravação analógica, dominado por um teatral, melódico, dramático e sensacional Prog Rock de perfumados ares sinfónicos que colhe inspiração em clássicas referências britânicas da dourada década de 1970 como Emerson, Lake & Palmer, Gentle Giant, Genesis, Van der Graaf Generator, Peter Hammill e Egg. Harmoniosa, principesca, aventurosa, romanesca e ostentosa, a egrégia sonoridade desta obra-prima final de Ring Van Möbius vem pincelada e embelezada por elaboradas, cerebrais, esculturais e condimentadas composições que nos mantêm de fascinação acordada e a elas firmemente atrelados do primeiro ao derradeiro minuto. Compartimentado em três expressivas, inventivas, extensas e expansivas faixas, ‘Firebrand’ é um álbum imensamente refinado, refrescante, extravagante e rebuscado que não deixará ninguém recostado à indiferença. Inundado por uma rica profusão de fantásticos teclados que tanto se passeiam graciosa e envaidecidamente por frondosos e verdejantes jardins de poéticas, estéticas e sonhadoras melodias quiméricas, como se transcendem em polposos, monumentais e aparatosos mugidos de arrogante grandiosidade e transbordante misticidade, e gritam efervescentes, ferventes e ácidas sirenes cósmicas que nos deslumbram e ofuscam com um intenso brilho estelar, sombreado por um possante, protuberante e obeso baixo de magnetizantes, sumarentas e bailantes linhas escritas a negrito, galopado por uma bateria estonteante, estimulante e deliciosamente jazzística de ritmicidade acrobática, livre, leve e enfática, e trauteado por uma voz aristocrática, cénica, melodiosa e carismática que lidera com desarmante sentimento e distinção toda esta impressionante caravana circense, ‘Firebrand’ é um registo monumental, de contornos épicos, que extrapola as costuras fronteiriças da perfeição. Emblemático, desafiante, triunfante e epopeico, este último álbum da formação domiciliada na cidade costeira de Kopervik encerra com chave de ouro o legado imortal deixado por Ring Van Möbius e projecta esta sua derradeira e irretocável criação para o epicentro da sangrenta contenda pela conquista dos lugares cimeiros da listagem que medalhará os melhores álbuns editados em 2025. Este é o capítulo final de uma banda prodigiosa e intemporal que hoje sopra e extingue a chama da sua história futura, estando ela, presentemente, no pináculo da sua criatividade musical. Até sempre, Ring Van Möbius. Obrigado pela música.

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