sábado, 23 de janeiro de 2010

Space Cowboy


Deixou que o vento fizesse da sua presença, uma presença efémera. O seu olhar, de caracterização lúgubre, contemplou todos aqueles quilómetros de poeira e alcatrão. No horizonte, um sol de mescalina libertava cores dissonantes. As montanhas elevavam-se em direcção ao sol. “Esta estrada encaminha-te para o céu” – gritava um cowboy lunático que descansava junto á estrada. Acelerou a toda a velocidade no seu velho Dodge Challenger e levantou o volume da rádio. Os últimos raios solares morriam no seu rosto pálido. Visões celestiais. Expirou fundo e olhou aqueles monólitos e toda uma infinitude de terra avermelhada. Libertou as pálpebras e encarou os céus que sobrevoavam a sua longa jornada. A noite cobriu com o seu manto opaco todo o paralelismo que o acompanhara. Dos céus brotaram mil e uma estrelas, planetas de cor púrpura, cometas e asteróides viajantes. E ele continuou a sua viagem de pé adormecido sobre o acelerador rumo á eternidade.

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