segunda-feira, 21 de março de 2011

KYUSS Lives!


Adivinhava-se uma noite monumental, mas acabou por superar essa (e qualquer outra) definição, rasgando todas as costuras dos adjectivos previamente apontados. Quando eu e o meu amigo Nuno entramos no recinto, ficámos maravilhados com a dimensão e a beleza que o espaço oferecia. Parecia um casino de Las Vegas. Como a massa humana ainda estava muito dispersa e retraída, aproveitámos para ganhar terreno e conseguimos “atracar” em frente ao palco de mãos empunhadas nas grades (oportunismo de Português). Quando a 1ª banda de entrada subiu ao palco, o público aproximou-se em grande número do epicentro da emoção. Burden, uma banda alemã de stoner metal bem lubrificada e conduzida por uma bela voz regada de whiskey e amadurecida pelo tabaco (muito semelhante à do Phil Anselmo), presenteou o público com uma cavalgada incansável. Cavalgada essa que só durou 30 minutos porque os Waxy (2ª banda de entrada) estavam aí, e traziam consigo os ares calorosos da Califórnia. Munidos de um “desert punk” bem consistente e também de uma vertente mais psicadélica, “descongelaram” toda uma plateia ainda algo tímida, e mostraram quão quente a Suíça pode ser. Assim que os Waxy se despediram, comecei a tremer. A ansiedade havia atingido o seu auge, e aquele silêncio era desgastante. Não acreditava que estava prestes a ver Kyuss. Não cabia em mim de satisfação… Tentei respirar fundo para abrandar as batidas frenéticas do meu coração, mas nada o parava… porque Kyuss é uma força maior. Depois de uma espera angustiante, eis que as luzes se apagaram. A multidão manifestou-se gritando efusivamente. O ambiente era fantástico. Ouvia-se Blues como música de fundo. Foi então que os Kyuss entraram em palco, debaixo de uma plateia delirante. E é aqui que todos os vocabulários se confessam frívolos. Não existem adjectivos que se aproximem sequer do que realmente presenciei em Pratteln. De realçar a excelência da setlist que, a meu ver, foi simplesmente perfeita: Gardenia, Hurricane, Thumb, One Inch Man, Odyssey, Conan Troutman, Freedom Run, Asteroid, Fatso Forgotso, Supa Scoopa and Mighty Scoop, Whitewater, El Rodeo, 100°, Molten Universe, Spaceship landing e Green Machine. Com a aliciante extra de que os Kyuss exploraram a “elasticidade” dos temas e ampliaram a sua duração original (num formato de jam). Foi um prazer insubstituível ter assistido a todo este ritual a uns dois metros do John Garcia, bem agarrado às grades, enquanto sentia as oscilações nas minhas costas (provocadas pelo moche e crowdsurf). Foi um concerto de tal forma emocionante, que o próprio John Garcia libertou o seu alter-ego, quando partiu, com as próprias mãos, o tripé do microfone e, com violência, atirou-o contra o chão do palco, que consequentemente ressaltou e bateu na cabeça de um segurança. Mas nada de grave aconteceu, e até acabaram por trocar alguns sorrisos (isto depois do Garcia se ter aproximado dele e humildemente pedido desculpa pelo sucedido). O Nick Oliveri sorria para a plateia com cumplicidade. A plateia e os Kyuss sentiram mutuamente a sensação de que aquilo era algo mágico, divino e único. Quando saímos do recinto, chovia e as pessoas olhavam os céus. Afinal de contas, estávamos na Suíça e não no meio do deserto de Mojave (como a sonoridade de Kyuss nos ludibriou).

Obrigado, Kyuss. Foi o concerto da minha vida.

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