Sempre tive uma especial
admiração por Brain Pyramid.
Admiração essa que no outono do passado ano de 2014 me fez deslocar até Viseu
para presenciar o intenso Psych n’ Blues
deste power-trio sediado em Rennes,
França. Nessa altura apresentavam ao vivo a sua recentíssima obra chamada “Chasma Hideout” que trazia ainda o odor
a estúdio. Hoje, um ano depois, tive o prazer de escutar com toda a dedicação o
seu novo trabalho “Magnetosphere” (pelo
selo italiano Vincebus Eruptum
Recordings) e devo confessar que escrevo estas palavras ainda sob o efeito
inebriante que este disco perpetuara em mim. Já esperava tratar-se de um grande
disco, mas a verdade é que “Magnetosphere”
rasgou todas as costuras das expectativas que lhe dedicara. De instrumentos
apontados ao Cosmos, este novo álbum do tridente francês é uma perfeita e
espantosa odisseia canalizada pelas artérias espirituais que desaguam na incrível
vastidão estelar. Sustentado pelo Psych
n’ Blues com indiscretos chamamentos ao Space Rock e Acid Rock, “Magnetosphere” presenteia-nos ao longo
dos seus 44 minutos de duração com uma extasiante, contemplativa e paralisante jam capaz de arrancar a nossa consciência
pela raiz e impulsioná-la a um profundo estado de latência. A perfumada guitarra
de Gaston Lainé adensa-se numa
elegante e apaixonante performance de onde desprende solos gritantes e
tresloucados que se perdem e encontram numa estonteante dança que nos orbita e
seduz. O hipnótico baixo de Paul Arends
envaidece-se com as suas linhas possantes e refinadas na incansável perseguição
à guitarra, e a enérgica bateria de Baptiste
Gautier-Lorenzo pauta com dinamismo e cativante orientação rítmica toda
esta loucura deliciosamente governada pelos três instrumentos de mãos dadas. É
demasiado fácil sentirem-se completamente absorvidos pela emocionante galopada que
este disco encerra, e testemunharem a vibrante detonação do prazer. Deixem-se
conduzir pelo fascinante caudal de “Magnetosphere”
e vivenciem-no com merecida agitação. Uma verdadeira epifania.
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