Causa Sui é muito provavelmente a grande banda da minha
vida. Da sua requintada discografia tenho o ‘Causa Sui’, o ‘Free
Ride’ e os três volumes do ‘Summer Sessions’ como os exemplos
mais sérios e imediatos do que verdadeiramente me preenche no universo musical. Em 2009 –
motivado em parte pela banda dinamarquesa – embarquei na maior aventura musical
da minha vida (até ao momento) ao marcar presença no Festival de Psicodelia de Castell de Guadalest (no sul de Espanha),
onde pude desfrutar de Causa Sui num
enternecedor e inesquecível final de tarde em que comunguei ao vivo as ‘Summer
Sessions’ tocadas praticamente na íntegra (para minha plena satisfação).
Esse dia catapultara a minha admiração pelo quarteto dinamarquês aos mais
sublimes e religiosos patamares e são hoje uma das poucas bandas que me
fascinam absolutamente. Mesmo estando intimamente ligado aos primeiros registos
da banda (que são os meus favoritos) os seus últimos álbuns não abrandam esta minha
intocável veneração dedicada a Causa Sui,
e sempre que a banda produz um novo álbum aponto-lhe – de forma instintiva – as
mais elogiosas expectativas. E assim aconteceu na criação do seu mais recente
trabalho ‘Return to Sky’, oficialmente lançado via El Paraiso Records no passado dia 18 de Março. Ouvi-o muito
recentemente na totalidade e posso desde já adiantar que se trata de um sério
candidato ao lugar de melhor álbum do ano (isto apesar do ano de 2016 ainda gatinhar).
‘Return to Sky’
representa a esperada (e desejada) sequela do seu precedente ‘Euporie
Tide’, mantendo o seu tão característico manto primaveril tricotado
pelo mais elegante e deslumbrante Psych
Rock de contornos Kraut’eanos e Jazzísticos. A sua sonoridade extasiante entope todas as zonas erógenas
da nossa mente, provocando em nós toda uma resplandecente imersão de doce e
delirante prazer que nos faz planar de olhos selados e narinas dilatadas pelas edénicas
e encantadoras paisagens de Causa Sui.
Contando ainda com uma inebriante brisa Progressiva
que nos serpenteia airosamente, este álbum encerra um verdadeiro paraíso que
nos seduz e purifica sem qualquer inibição. Exaltem-se de forma intensa na espontânea
resposta aos riffs provocantes e ardentes
que se agigantam em ‘Return to Sky’, e desmaiem prazerosamente nos ataráxicos solos
que nos massajam, entorpecem e alucinam. Este é um disco de elevado primor. Um
disco que nos desprende a consciência pelos mais aromáticos e alegres jardins
verticais da alma. Sintam o radioso encantamento de uma guitarra imensamente
contemplativa que se espreguiça em solos hipnotizantes, fecundantes e sensuais que
nos estimulam e tantalizam, e desata riffs
erosivos, robustos e torneados que nos atacam e amotinam. Dancem ao som vigoroso
e ritmado da respiração de um baixo pulsante, incansável na dinâmica e harmonioso
sombreamento de toda esta comovente e embriagante comoção. Pulverizem a vossa
alma com o lisérgico encantamento de um teclado envaidecido e sonhador que se
passeia livremente pela radiosa e narcotizante atmosfera de ‘Return
to Sky’. Sobressaltem-se com as incríveis e empolgantes acrobacias de
uma bateria exótica que se inventa
e reinventa na sua entusiástica e provocante cavalgada. ‘Return to Sky’ tem o dom
de nos mumificar e imortalizar num perfeito estado de doce paralisia. Deixem-se
bronzear pelas suas morfínicas emanações solares que vos adornarão do primeiro
ao último tema, e evangelizem-se nesta nova fragância sonora de Causa Sui.
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