Review: ⚡ Interkosmos - 'Hypnotizer' (2008/2016) ⚡

O relançamento do álbum ‘Hypnotizer’ teve em mim um efeito profundamente nostálgico que me teletransportara automaticamente para o ano de 2009 (pouco tempo depois do seu lançamento), quando este álbum habitava o meu velho leitor de mp3 e era das propostas musicais por mim mais requisitadas. ‘Hypnotizer’ é um dos álbuns mais rodados da minha vida e a ele dedico um lugar muito especial na minha consideração musical. Praticamente 8 anos após o seu lançamento oficial em formato digital, o selo alemão Sulatron Records em parceria com o selo norueguês Pancromatic Records decidem relançá-lo nos formatos de CD e LP acrescentando um tema ao seu corpo e prestando assim o justo tributo a um álbum que não merece o esquecimento. Sentencio ‘Hypnotizer’ como um dos melhores álbuns da história do Space Rock (numa harmoniosa comunhão com o Krautrock), e continua a ser hoje um dos registos musicais que mais longe conduzira a minha consciência pelas prazerosas e infindáveis estradas verticais da existência espiritual.

Baseado numa hipnótica e agradável infusão de Space Rock e Krautrock (com destacados e estimulantes chamamentos ao Psych Rock) este ‘Hypnotizer’ representa uma longa e solitária odisseia pelos lugares mais gélidos e estéreis do Cosmos adormecido. A sua sonoridade apresenta as mesmas propriedades de um poderoso sonífero, tranquilizando-nos e entorpecendo-nos numa doce e redentora levitação que de olhar selado nos elevará aos enigmáticos domínios de ‘Hypnotizer’. É composto por um power-trio das mais diferentes proveniências europeias que de instrumentos batizados pelos astros convida-nos a uma irrecusável ignição consciencial pela vastidão cósmica. Com total imunidade ao abraço gravitacional das estrelas e planetas que povoam o paralelismo da nossa sagrada ascensão, a nossa alma agiganta-se num perpétuo e ataráxico espreguiçar pela infinidade espacial. Sintam todo esta prazerosa inércia às costas de uma guitarra xamânica que fala o idioma das estrelas, criando magníficos e extasiantes solos que nos fecundam e amenizam, um baixo denso e pulsante – de linhas hipnóticas e dançantes – que nos serpenteia e seduz, e uma bateria emocionante de incursões contemplativas e instigantes que nos mantem lúcidos neste sonho embriagado. Estes três instrumentos são envolvidos por uma nebulosa e narcotizante poeira de efeitos sonoros que emprestam uma natureza alienígena a ‘Hypnotizer’. De realçar ainda as introduções das músicas brilhantemente retiradas do clássico filme de ficção científica ‘Forbiddeen Planet’ (1956) de Fred M. Wilcox que tão bem nos preparam para embarcar nesta fantástica odisseia, e o artwork da autoria de LuluArtwork (baixista de Electric Moon) que fielmente traduzira para o desenho a verdadeira essência de ‘Hypnotizer’. Deixem-se persuadir pelo encantamento deste disco e vivenciem toda uma admirável eclosão espiritual pelo fascinante universo de Interkosmos sem regresso garantido.  

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