2015 foi um ano musicalmente
tremendo. No que diz respeito à relação entre a qualidade e a quantidade não me
recordo mesmo de um ano tão frutífero como esse para os domínios underground da música Rock (lista dos melhores
álbuns de 2015 aqui). Mas a boa notícia é que a tendência parece manter-se
e adaptar-se com naturalidade ao ano de 2016 que – em apenas 4 meses – tem já
um admirável lote de álbuns merecedores de um lugar no pódio final, bem como o
nascimento com data marcada de tantos outros aos quais dedico as mais elogiosas
expectativas.
No passado ano considerei o
álbum de estreia dos finlandeses Kaleidobolt
(review aqui) como o melhor
registo de 2015 – liderando uma notável e extensa lista de preciosidades – e o
anúncio da produção de um segundo álbum entusiasmou-me bastante. Com o seu lançamento
oficial marcado para o distante dia 1 de julho nos formatos de digital,
CD e vinil via Pink Tank Records, foi
com desmesurada surpresa e agrado que tivera o privilégio de ouvir em primeira
mão este ‘The Zenith Cracks’ (numa simpática cortesia promovida pela própria
editora alemã). Kaleidobolt é hoje
uma das jovens bandas que mais me fascina, e este seu segundo álbum só veio
amadurecer toda a admiração por ela dedicada. Baseado num estonteante e abrasador
Heavy Psych de feições Doom'escas e condução Progressiva, este ‘The Zenith Cracks’ instaura
em nós uma crescente e prazerosa agitação que nos endoidece e extasia. Fundado
em 2014 na capital finlandesa, este power-trio
de pés enraizados no presente e cabeça residida nos Sabbath’icos anos 70 presenteia-nos com uma
sonoridade elegante, galopante e musculada que nos inebria com indiscreta veemência.
Este é um álbum de essência pesada e revoltosa, intervalada por um interlúdio
dedilhado com serenidade e enlevação. Apaixonem-se por uma guitarra exuberante
que se agiganta em cáusticos, maciços e dançantes riffs, e se sacode em alucinantes e impulsivos solos que nos
provocam múltiplos espasmos de prazer. Baloicem-se harmoniosamente ao aliciante
som de um baixo de pulsação reverberante, densa e torneada que sombreia com
distinção toda esta entusiástica cavalgada. Transcendam-se com as explosivas e
dinâmicas investidas de uma bateria jazzística
conduzida com excitante ligeireza, perícia e emotividade, e sintam-se espevitados com os
vocais destemperados e fecundantes que ecoam pela arrebatadora atmosfera de ‘The
Zenith Cracks’. Este é um álbum que nos envolve, seduz e euforiza com
tremenda facilidade. Enfrentem toda esta descarga de exaltação em estado musical e testemunhem a redentora amotinação da vossa alma. Um dos insuspeitos
discos do ano está aqui.
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