No actual momento em que se
testemunha uma forte disseminação do lado mais revivalista da música Rock em território português, SHC surge com uma proposta ousada e rebuscada
que se desmarca da corrente sonora em voga para fundear a sua bandeira em
território obscuro, pouco explorado até ao presente pelos músicos portugueses.
Este EP de estreia do power-trio minhoto – natural de Ponte de Lima - nasce da extraordinária
colisão entre o euforizante Heavy Psych,
o poderoso Proto-Doom e o exaltado Punk Rock e promete ser um dos registos
mais rodados do ano para todos os seguidores dos géneros anteriormente referidos.
Baseado numa sonoridade sombria, cáustica e hipnótica que tanto se inflama e
desgoverna em delirantes, entusiásticas e vertiginosas jam’s sem qualquer travão à vista como se arrasta vagarosamente numa
pesada, robusta e morfínica avalanche de reverberação demoníaca capaz de nos narcotizar
e profanar a alma, este ‘SCH’ representa uma tirânica
cavalgada a duas velocidades que nos arrasa e absorve do primeiro ao derradeiro
tema. São 38 minutos governados por uma intrigante e demoníaca liturgia superiormente rezada por duas guitarras hereges que se amuralham em riffs montanhosos, tenebrosos e soberanos
capazes de nos sombrear e intimidar e se incendeiam em borbulhantes, ácidos e
alucinantes solos que nos dilaceram, perturbam e extasiam, uma voz cava,
ecoante e agressiva que emerge da caótica radiação instrumental para se
enfatizar na infinidade espacial, e uma bateria troante de ritmicidade firme e
estimulante que diligencia e esporeia com constância toda esta sinistra, ardente
e melancólica digressão aos mais profundos abismos da nossa espiritualidade. ‘SHC’
é um EP irrigado de adrenalina que
nos arremessa violentamente para o âmago de um conturbado vórtice capaz de nos
esvaziar a lucidez e atestar de uma intensa e envolvente narcose. Chego ao fim
do último tema completamente anestesiado pela funesta resplandecência que climatiza
todo este EP e a desejar que o mesmo
represente o primeiro capítulo de uma numerosa discografia. Montem a sela deste
negro cometa e colonizem as trevas cósmicas.
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