Da cidade de Brisbane (Queensland, Austrália)
chega-nos o místico álbum de estreia da jovem formação Zong. Com o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 4 de
Novembro pela mão conjunta dos selos discográficos Cardinal Fuzz (responsável pela distribuição em solo europeu) e Praying Mantis (responsável pela distribuição
em solo australiano) nos formatos físicos de CD e vinil, este álbum homónimo
encerra um poeirento, psicotrópico e visceral Heavy Psych temperado e enevoado por um hipnotizante, encantador e
intrigante experimentalismo espacial que nos embacia, eteriza e alucina ao
longo dos seus 43 minutos de duração. A sua sonoridade extraordinária – de propensão
ascética – convida-nos a uma fascinante, temulenta e extasiante transcendência
pela densa e lisérgica nebulosidade cósmica. Um quimérico e penetrante mergulho
na intimidade do Cosmos sideral, de alma canonizada, narinas dilatadas e olhar vidrado,
enfeitiçado e atrelado a um firmamento que se desdobra pela infinidade fora.
Desta mágica e brumosa atmosfera de ‘Zong’ sobressai-se uma guitarra
endeusada – saturada em efeito fuzz –
que se ostenta em riffs obscuros, arábicos,
turvos e monolíticos, e se desvaira em solos uivantes, efervescentes, alucinógenos
e trepidantes, um baixo de pesada e enigmática reverberação que se conduz de
forma fluída e compenetrada por entre linhas sinuosas, oscilantes, marcadas e vociferantes,
e uma bateria criativa, poderosa e rutilante que lidera com empolgante e
desarmante expressividade toda esta nirvânica peregrinação que nos canaliza pelas
artérias da espiritualidade. É-me importante ainda destacar e elogiar o vistoso,
requintado e copioso artwork superiormente
delineado pelo virtuoso artista australiano Henry Bennett que traduzira na perfeição para o papel toda esta envolvente
doutrina messiânica propagada por ‘Zong’. Este é um álbum
verdadeiramente deslumbrante que nos adorna e climatiza com a sua refulgência do
primeiro ao derradeiro tema. Um disco venéreo capaz de converter o mais céptico
dos seus ouvintes em seu devoto seguidor. Comunguem este verdadeiro ritual
xamânico e sintam-se transpor as portas da percepção. Um dos registos mais
enteogénicos do ano está aqui, na profunda e ofuscante religiosidade de ‘Zong’.
Dissolvam-se nele.
1 comentário:
Speaker of magical tones. Whether in English or Portuguese your words convey beautifully where the music of Zong can take one.
Maravilhoso. Obrigado
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