Depois de no verão de 2015
ter sido lançada a fascinante e promissora demo
(muito venerada e elogiada aqui), eis que esta estimada formação espanhola
batizada de Sombra e sediada na cidade asturiana de Oviedo acaba de apresentar o tão ansiado primeiro álbum apelidado
de ‘Visiones’.
Gravado no OVNI estúdio e lançado no formato físico de vinil pelo selo discográfico local Discos
Furia, este extraordinário registo envolve um quente, hipnótico, místico e atraente
Heavy Psych de textura étnica,
enevoado e climatizado por um contemplativo, devoto e extasiante Krautrock de ambiência espacial, e
conduzido por um deslumbrante, perfumado e serpenteante Prog Rock de raiz setentista
que empresta toda uma agradável e impactante vitalidade a ‘Visiones’. A sua
sonoridade verdadeiramente sublime, etérea e arrebatadora tem o dom de nos deter,
enfeitiçar e enlevar a um estádio mental de plena e radiosa ataraxia. Esta
endeusada peregrinação desértica que nos norteia de olhar empedernecido e ancorado
no horizonte – acima de sedosas, tórridas e bronzeadas dunas e debaixo de um Sol
vigilante, febril e resplandecente – é motivada, nutrida e orientada pela admirável,
erótica e exuberante combinação entre uma guitarra exótica que se distingue e
envaidece em dançantes, prazerosos, ostentosos e comoventes riffs que desmaiam em brilhantes, luxuosos,
insuperáveis e desarmantes solos, uma bateria jazzística de toque refinado, fulgente, ligeiro e delicado que
tiquetaqueia todo o disco com base na perícia e emoção, e ainda um baixo deliciosamente
reverberante de linhas dinâmicas, viçosas, robustas e pulsantes que diligencia
com estarrecedora primazia toda esta caravana nirvânica que nos canaliza a um
oásis espiritual. Este é um álbum detentor de uma ambiência apaixonante que nos
mantém a ele atrelados do primeiro ao derradeiro tema. Banhem-se e deixem-se
absorver pelo mélico, radioso e edénico psicadelismo transpirado de ‘Visiones’
e testemunhem todo o esplendor de um dos mais refinados discos de 2017.
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