Depois de no passado verão de
2017 ter regressado a estúdio – interrompendo assim um longo jejum de mais de
duas décadas de instrumentos calados – para gravar o seu álbum homónimo (review aqui), esta histórica banda porto-riquenha natural da
exótica cidade de San Juan acaba de
lançar o seu novo álbum ‘Gran Muro de Coma’ em formato
digital através do afamado selo discográfico argentino South American Sludge Records. Neste registo, o power-trio caribenho presenteia o ouvinte com uma estonteante dose
de um delirante, sideral e extasiante Heavy
Psych – anestesiado por um envolvente, nebuloso e relaxante Space Rock e inflamado por um
efervescente, sedutor e euforizante Desert
Rock – que nos impulsiona na profunda e vertiginosa direcção dos astros, perfurando
a poeirenta alma de berrantes, admiráveis e intoxicantes nebulosas e as
incandescentes fornalhas estelares que afogueiam o negrume cósmico. A sua
sonoridade imensamente cativante tem o dom de nos prender e mumificar numa intensa
e deslumbrante narcose que nos hipnotiza, seduz e eteriza ao longo dos três
temas que materializam ‘Gran Muro de Coma’. Fundamentado
numa encantadora atmosfera espacial que nos desancora e passeia pelos majestosos,
ostentosos e exuberantes domínios alienígenas, este novo álbum de La Iglesia Atómica trata-se de um
registo verdadeiramente apaixonante que nos mantém a ele atrelados do primeiro
ao último minuto. Sintam-se distender e transcender aos mais secretos, ímpares
e remotos lugares do Cosmos bocejante à incrível boleia sonora de uma guitarra viajante
que coloniza todo o Universo com os seus riffs
mântricos e solos sublimes, excitantes, caóticos e alucinantes, um baixo de
reverberação dançante, vigorosa e magnetizante que mareia e serpenteia todas as
excêntricas manifestações da guitarra, e uma bateria deliciosamente ritmada que
tiquetaqueia com autoridade, entrega e vitalidade todos os momentos deste
copioso álbum. De destacar ainda o requintado, egrégio e adornado artwork de essência cósmica que o
artista argentino Julián Ciceri (aka ARTO) criara e que tão harmoniosamente
conjuga com a musicalidade que este álbum encerra. ‘Gran Muro de Coma’
deleita-nos com uma transbordante radiância sideral que nos abraça e climatiza
ao longo de todo o seu corpo temporal. Percam-se na imensa toxicidade e grandiosidade destas jams intergalácticas à boa moda de Earthless e mergulhem nas profundezas cósmicas
de La Iglesia Atómica. Um dos mais
impactantes álbuns lançados até ao momento em 2018 está aqui, na mística alma
de ‘Gran
Muro de Coma’.
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