quarta-feira, 23 de maio de 2018

Review: ⚡ Ambassador - '2' (2018) ⚡

Confesso-me um especial admirador do Rock setentista de origem argentina, e de um lote restrito das referências que me são mais relevantes nesta matéria, a primeira a vir à tona é indubitavelmente a de Pappo’s Blues. Conhecido por Pappo – o nome artístico de Norberto Napolitano – foi um dotado guitarrista, compositor e vocalista de Hard Rock / Heavy Blues que me fascinara e conquistara logo no primeiro contacto. E é nesta circunstância – de imensa devoção pela ofuscante destreza e musicalidade de Pappo – que vos falo do novo álbum da jovem banda argentina Ambassador designado ‘2’. Lançado no passado dia 18 de Maio em formato digital e de CD através da sua página oficial de Bandcamp, este disco ostenta toda uma carismática ode ao Heavy Blues forjado nos 70’s e a pesada influência de Pappo na ardente, erótica, aromática e estimulante sonoridade deste power-trio sediado na cidade de Buenos Aires é bem clara e imediata. Baseado num robusto, ritmado, clássico e dinâmico Hard Rock oleado e perfumado por um dançante, libidinoso, ostentoso e euforizante Heavy Blues fervido em efeito Fuzz, este ‘2’ é um álbum imensamente aliciante que nos envolve, revolve e encanta do primeiro ao último tema. Apesar da sua curta duração – cerca de 23 minutos – este registo sugere que seja ouvido e repetido por diversas vezes. Numa extravagante, harmoniosa, vistosa e magnetizante dança – fielmente resgatada dos dourados anos 70 – entre a tecnicidade, a delicadeza, a ligeireza e a sagacidade, os três instrumentos dialogam entre si, gerando e orientando toda uma adorável narrativa sonora verdadeiramente fascinante de ser ouvida e digerida. Fundamentado numa alma envelhecida – tingida e enferrujada de marcas revivalistas – ‘2’ é um registo sublimemente nutrido e conduzido à alucinante boleia de uma talentosa guitarra que se envaidece e enaltece por entre riffs sumptuosos, provocantes, exuberantes e caprichosos, e se excede na extraordinária criação de solos eróticos, serpenteantes, atordoantes e hipnóticos, um baixo tonificante de possantes, torneados, absorventes e agitados bailados reverberantes, uma sensacional bateria de natureza jazzística que se manifesta em incríveis, primorosas, aprazíveis e aparatosas acrobacias, e ainda uma voz enérgica, melódica e afável – de semelhanças com a tonalidade vocal do já supracitado Pappo – em perfeita integração com o restante instrumental. Este segundo e novo álbum de Ambassador foi-me uma agradável e impactante surpresa sonora que me capturara e arrebatara com tremenda celeridade e intensidade. Um disco pensado, esculpido e executado completamente à minha imagem ao qual irei regressar e ancorar a minha atenção vezes e vezes sem conta.

Sem comentários: