Confesso-me um especial
admirador do Rock setentista de origem argentina, e de um
lote restrito das referências que me são mais relevantes nesta matéria, a
primeira a vir à tona é indubitavelmente a de Pappo’s Blues. Conhecido por Pappo
– o nome artístico de Norberto
Napolitano – foi um dotado guitarrista, compositor e vocalista de Hard Rock / Heavy Blues que me fascinara e conquistara logo no primeiro
contacto. E é nesta circunstância – de imensa devoção pela ofuscante destreza e musicalidade
de Pappo – que vos falo do novo
álbum da jovem banda argentina Ambassador
designado ‘2’. Lançado no passado dia 18 de Maio em formato digital e de
CD através da sua página oficial de Bandcamp, este disco ostenta toda uma carismática ode ao Heavy Blues forjado nos 70’s e a pesada influência de Pappo na ardente, erótica, aromática e
estimulante sonoridade deste power-trio
sediado na cidade de Buenos Aires é bem clara
e imediata. Baseado num robusto, ritmado, clássico e dinâmico Hard Rock oleado e perfumado por um dançante,
libidinoso, ostentoso e euforizante Heavy
Blues fervido em efeito Fuzz,
este ‘2’
é um álbum imensamente aliciante que nos envolve, revolve e encanta do primeiro
ao último tema. Apesar da sua curta duração – cerca de 23 minutos – este registo
sugere que seja ouvido e repetido por diversas vezes. Numa extravagante, harmoniosa,
vistosa e magnetizante dança – fielmente resgatada dos dourados anos 70 – entre
a tecnicidade, a delicadeza, a ligeireza e a sagacidade, os três instrumentos dialogam
entre si, gerando e orientando toda uma adorável narrativa sonora
verdadeiramente fascinante de ser ouvida e digerida. Fundamentado numa alma envelhecida
– tingida e enferrujada de marcas revivalistas – ‘2’ é um registo sublimemente
nutrido e conduzido à alucinante boleia de uma talentosa guitarra que se
envaidece e enaltece por entre riffs sumptuosos,
provocantes, exuberantes e caprichosos, e se excede na extraordinária criação de
solos eróticos, serpenteantes, atordoantes e hipnóticos, um baixo tonificante
de possantes, torneados, absorventes e agitados bailados reverberantes, uma sensacional
bateria de natureza jazzística que se
manifesta em incríveis, primorosas, aprazíveis e aparatosas acrobacias, e ainda
uma voz enérgica, melódica e afável – de semelhanças com a tonalidade vocal do já
supracitado Pappo – em perfeita integração
com o restante instrumental. Este segundo e novo álbum de Ambassador foi-me uma agradável e impactante surpresa sonora que me
capturara e arrebatara com tremenda celeridade e intensidade. Um disco pensado,
esculpido e executado completamente à minha imagem ao qual irei regressar e
ancorar a minha atenção vezes e vezes sem conta.
Sem comentários:
Enviar um comentário