Da Suécia chega-nos o novo álbum do quarteto Pershagen apelidado de ‘Tarfala’. Depois de em 2016 ter absorvido
e consequentemente elogiado o seu primeiro álbum ‘Den Siste Av Mitt Namn’
(review aqui), esta fascinante
formação escandinava acaba de lançar o seu sucessor em formato digital e em
formato físico de vinil (numa edição limitada a poucas centenas de cópias
disponíveis) através da página oficial de Bandcamp.
A receita sonora que dá gosto a este novo registo é a mesma já posta em prática nos seus antecessores: um relaxante, sublime, explorativo e deslumbrante Psych Rock em prazerosa e harmoniosa concordância
com um narrativo, estético, cinematográfico e imaginativo Post Rock de aragem e aroma primaveril. A sua atmosfera intensamente
onírica – que envolve e climatiza toda a longevidade do álbum – causa no
ouvinte uma forte sensação de sedação que nos eteriza, deslumbra e suaviza do
primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 42 minutos empoeirados e saturados de
um inebriante, adorável e comovente encantamento que nos embacia a lucidez e
narcotiza os sentidos. Recostem-se confortavelmente, selem as pálpebras,
respirem pausada e profundamente e sintam-se transcender ao som conjugado de
uma guitarra sumptuosa que se ostenta em acordes afáveis, atraentes,
paradisíacos e veneráveis, e solos transcendentes, fabulosos, extasiantes e luxuriosos,
um baixo soberbamente contemplativo que se movimenta em linhas pausadas, robustas
e lenitivas, uma agradável bateria jazzística
orientada a um toque cintilante, polido, delicado e elegante, e ainda um singular
e arrebatador pedal steel de uivantes,
hipnóticos, irresistíveis e tocantes deambulações que empresta toda uma
carismática, mística e magnetizante ambiência Western a este admirável e copioso álbum. ‘Tarfala’ é um registo
forjado e adornado por uma estarrecedora suavidade, gentileza, capricho e
beleza que lhe conferem toda uma desarmante excelência capaz de convencer e
apaixonar o mais apático dos ouvintes. Na essência sonora de Pershagen passeia-se uma mágica, espirituosa
e acolhedora aura que nos abraça, enfeitiça e namora com total fervor e
expressividade. Inalem os perfumados, relaxantes e inebriantes ares que povoam
e sobrevoam os verdejantes e ataráxicos horizontes de ‘Tarfala’, e testemunhem toda
a radiosa e portentosa maviosidade de um dos discos mais melodiosos e adocicados
de 2018.
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