Da grande e populosa cidade
de Melbourne (na Austrália) chega-nos a apaixonante e
inebriante fragância sonora de Khan
com a promoção de ‘Vale’, o primeiro trabalho de longa duração deste trio de
ainda tenra idade. Lançado no território primaveril do presente ano tanto em formato
digital como na forma física de CD através da sua página oficial de Bandcamp, este álbum de estreia é
aureolado e climatizado por um delicioso, meditativo, lenitivo e prazeroso Psych Rock de bafagem veraneia e natureza
Kraut’eana – dirigido com base num deslumbrante,
inventivo, ataráxico e envolvente Prog
Rock – que se desenvolve, revolve e incendeia num fervilhante, intenso,
sedutor e provocante Desert Rock
afogueado pelo intoxicante efeito fuzz.
A sua sonoridade tremendamente narrativa e visual – tricotada a esplêndidas composições
– conduz a nossa espiritualidade pela ofuscante vertigem de uma paisagem estival
emoldurada pela imensa profusão de luzência, aroma e coloração. Há algo de
verdadeiramente encantador na atmosfera de ‘Vale’ que nos afaga, enfeitiça e petrifica
num perfeito estádio de bem-estar. São cerca de 62 minutos – distribuídos por
oito temas – ensolarados, bafejados e irrigados por um sublime misticismo capaz
de nos enlevar e carregar aos tão almejados domínios do transe espiritual. Deixem-se absorver e consagrar na desarmante e
narcotizante beatitude de Khan à comovente
boleia de uma guitarra etérea que se passeia em acordes maviosos, lisérgicos, estéticos
e caprichosos, e se encrespa na criação e orientação de solos penetrantes, caóticos,
alucinógenos e ecoantes, um baixo hipnótico de linhas dançantes, morfínicas,
fluídas e murmurantes, uma bateria relaxante, delicada e tocante, e uma voz espectral,
doce, leve e angelical que tempera na perfeição toda esta maravilhosa hipnose.
Deixem-se canalizar pela paradisíaca intimidade de ‘Vale’ que vos adornará a
alma e adormecerá os sentidos. Este é um álbum praticamente pensado e executado
à minha imagem que me embalara e arrebatara do primeiro ao último minuto. Um
registo de contornos quiméricos – delineado e colorido a simetria, requinte e
magia – que me faz coroá-lo com o estatuto de um dos mais distintos discos
hasteados em 2018. Um autêntico talismã de origem australiana que garante emocionar todos os corações que nele se refugiarem.
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