De Memphis – a cidade mais populosa do estado norte-americano do Tennessee – chega-nos a nova destilação
sonora do já carismático power-trio Dirty Streets. Depois de em 2015 ter
lançado ‘White Horse’ (examinado e reverenciado aqui), esta adorável
formação de instrumentos afinados e governados pelo bom e velho Blues está de volta com o seu novo e
quarto álbum designado ‘Distractions’. Apresentado no
passado dia 14 de Setembro sob a forma digital (através da sua página oficial de
Bandcamp) bem como nos formatos
físicos de CD e vinil (este último reduzido à prensagem de apenas 300 cópias
disponíveis), ‘Distractions’ exibe um requintado, erótico, ardente e deliciosamente
ritmado Blues Rock de descendência
clássica e em harmoniosa cumplicidade com um oleado, robusto, dinâmico e
torneado Hard Rock de inspiração setentista, e um emocionante, melódico e
contagiante Soul nascido da fusão
entre o Rhythm & Blues e o Gospel. A sua sonoridade elegante, carismática
e apaixonante – tingida e lavrada por uma atmosfera de natureza vintage – causa no ouvinte um entusiasmante
fascínio que – de sorriso desenhado no rosto, olhar semi-cerrado e levemente
embriagado, e cabeça detidamente entregue a um movimento pendular que a
balanceia de ombro a ombro – o mantem hipnotizado e extasiado da primeira à
derradeira balada. Herdeiros de nomes incontornáveis dos dourados e consagrados
60’s e 70’s tais como Cactus, Mountain, Bluee Cheer, MC5, James Brown, Leafhound, Grand Funk Railroad
e Jimi Hendrix, os Dirty Streets hasteiam uma primorosa musicalidade
atestada de sublimação, sentimento e vibração. Deixem-se perfumar, envolver e
conquistar por uma vistosa e primorosa guitarra que se enfatiza em atraentes, agradáveis,
calorosos e serpenteantes riffs e se
esquiva em solos verdadeiramente estonteantes, irresistíveis e impactantes, um baixo
groovy de dançantes, robustas e
pulsantes linhas conduzidas a volúpia, uma empolgante bateria soberbamente movimentada
a tecnicidade, subtiliza, leveza e excentricidade, e ainda uma voz docemente melodiosa,
aveludada, jovial e garbosa que cavalga com distinção toda esta espantosa e
eloquente performance. ‘Distractions’ foi-me um caso de
amor à primeira audição, e que – com o acumular de renovadas escutas – tem
subido variados degraus na admiração que há muito nutro pela banda natural de Tennessee. Bronzeiem-se na fogosa
resplandecência de Dirty Streets e
experienciem com total entrega e devoção um dos mais cativantes discos lançados
em 2018.
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