De Ontário – a província mais populosa do Canadá – chegam-nos as adoráveis e reconfortantes brisas
revivalistas de Key Machine com a
apresentação do seu surpreendente álbum de estreia ‘Revival’. Lançado oficialmente
em território primaveril sob a forma física de cassete (reduzida a uma edição
ultra-limitada), este apaixonante registo ostenta – como o seu próprio nome sugere
– uma sonoridade de textura vintage, devidamente
tricotada e ensolarada por um agradável, voluptuoso, garboso e imperturbável Folk Rock fielmente resgatado aos
dourados anos 60, um musculoso, oleado, torneado e vistoso Hard Rock de indiscreta influência e essência setentista, e ainda um mélico, harmonioso, vaidoso e carismático Blues Rock de fragância clássica que
nos contagia e instiga a dançá-lo e venerá-lo sem qualquer moderação. Confesso ter sentido
por este álbum uma súbita sensação de amor à primeira audição que se
intensificara com o acréscimo de renovadas passeatas pelas idílicas paisagens
sonoras que o mesmo encerra. Existe algo de verdadeiramente esplendoroso, admirável,
edénico e afectuoso na emblemática atmosfera de ‘Revival’ que me seduz e
conduz a uma nostálgica, fascinante e desejada era há muito desaparecida. Uma envolvente,
extasiante e deslumbrante digressão pela bucólica, poética e remota Primavera
de vivências ancestrais, onde airosas, ondulantes e verdejantes planícies de
extensão a perder de vista se esbatem e ofuscam num longínquo e inalcançável horizonte
banhado e consagrado pelo Sol. Sintam a doce paralisia da alma, o desmaio do
olhar embriagado, e um sorriso cintilante e petulante desenhar-se no vosso
rosto ao combinado som de uma guitarra lenitiva que brota e recita refinados, espirituais,
devocionais e ensolarados acordes, um baixo murmurante de linhas fluídas, contemplativas
e oscilantes, uma bateria aprazível movida a um toque polido e delicado mas
inventivo, ostensivo e desembaraçado, e ainda uma voz reinante, formosa e provocante
que empresta toda uma elegância e exuberância extra à virtuosa e copiosa beleza
de ‘Revival’.
Um dos meus álbuns favoritos – nascidos em 2018 – está aqui, na trovadora e sedutora
alma dos canadianos Key Machine.
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