Exímios e reincidentes na tão
cobiçada e rara arte de só saber produzir belos álbuns, os australianos Mt. Mountain acabam de presentear todos
os seus fiéis discípulos com um novo e terceiro trabalho de longa duração
denominado de ‘Golden Rise’. Oficialmente lançado hoje mesmo através da
editora discográfica inglesa Cardinal
Fuzz (responsável pela distribuição em solo europeu) e do selo discográfico
norte-americano Little Cloud Records
(responsável pelo distribuição em solo americano) sob a forma física de CD-R e vinil,
este fabuloso registo vem oxigenado e massajado por um deslumbrante, imersivo, sublime
e extasiante Psych Rock de
luminância primaveril dissolvido num meditativo, narcotizante, hipnótico e
lenitivo Krautrock de aroma devocional que nos
arremessa para fora da órbita consciencial e deixa à deriva na profunda e vertiginosa intimidade
do Cosmos interior. Estes cinco xamãs oriundos da cidade australiana de Perth têm em ‘Golden Rise’ um venerável
álbum de natureza mística e terapêutica, detentor de uma sonoridade edénica,
cerimonial e evangélica que nos desobstrói os trilhos da espiritualidade e
encaminha para um glorioso estádio de transe.
Comunguem este consagrado elixir sonoro e deixem-se absorver e embevecer por
uma doce hipnose desenvolvida e conduzida por duas guitarras endeusadas que se
cruzam em aveludados, maviosos e enfeitiçados acordes e se descruzam em borbulhantes,
venenosos e alucinantes solos, um baixo murmurante de linhas pausadas, magnetizantes
e onduladas, uma relaxante bateria locomovida a um compasso demorado e
compenetrado, um perfumado sintetizador criador de uma atmosfera onírica, e
ainda uma messiânica voz de textura translúcida, espectral, celestial e
delicada que nos soterra e amortalha numa siderada narcose. ‘Golden
Rise’ é um álbum verdadeiramente paradisíaco que nos remete para um
perfeito estádio de claridade, serenidade e contemplação interior. Canonizem a
vossa alma no imaculado pacifismo e sintam-se evadir na vertiginosa direcção
das estrelas, deixando para trás um corpo caído, despido e inanimado. Este é
seguramente um dos registos mais impactantes e apaixonantes de 2018. Um disco maravilhoso,
plenamente concebido à minha imagem e ao qual recorrerei repetidas vezes. A
minha alma obrigar-me-à a isso. Banhem-se na sua santificada luzência e
disfrutem deste autêntico oásis de absorção auditiva. Corações ao alto.
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