terça-feira, 14 de maio de 2019

Review: ⚡ Vago Sagrado - 'Vol. III' (2019) ⚡

Da grande e populosa cidade-capital de Santiago (no Chile) chega-nos o novo e terceiro álbum do tridente Vago Sagrado. Oficialmente lançado no início de Março pela mão do selo discográfico peruano Necio Records sob a forma física de vinil (numa prensagem ultra-limitada a apenas 250 cópias existentes, produzidas em solo europeu e distribuídas a partir da Alemanha), este ‘Vol. III’ passeia o ouvinte pelas suas místicas, plácidas e idílicas paisagens sonoras tecidas, coloridas e desdobradas por um inebriante, sublime e delirante Shoegaze em harmoniosa consonância com um envolvente, hipnótico e viajante Krautrock, um carismático, empolgante e dançante Post-Punk à boa moda de uns Bauhaus, Killing Joke e Joy Division, e ainda um vibrante, alucinógeno e deslumbrante Neo-Psych de padrões revivalistas. A mágica e temulenta musicalidade deste terceiro capítulo – pertencente à fascinante odisseia principiada em 2015 por estes talentosos músicos chilenos – tem a capacidade de exorcizar a nossa consciência do solo terrestre e catapulta-la para as mais distantes costuras do Cosmos. Uma alternância mental que tanto nos eclipsa a alma e a unge de uma doce melancolia, como em nós faz florescer todo um adorável manto primaveril de cores berrantes, aromas quentes e luminosidade ofuscante. E é esta bipolaridade de ‘Vol. III’ que faz dele um álbum de natureza verdadeiramente intrigante, misteriosa e tocante. Uma evolutiva viagem de cariz introspectivo que nos conduz dos mais obscurecidos e soterrados abismos da existência humana aos mais elevados e ensolarados píncaros da alma. Deixem-se absorver e embriagar nas profundezas deste distorcido universo onírico ao volante de uma guitarra nutrida a lisergia que se manifesta em fascinantes, anestésicos e magnetizantes acordes de essência morfínica, e se transcende em borbulhantes, venenosos e atordoantes solos de lamacento psicadelismo, um baixo modorrento e sonolento de linhas desenhadas e bafejadas a uma reverberação ondulante, fluída e pulsante, uma emocionante bateria esporeada e locomovida a duas velocidades, e uma voz afagante, ecoante, profética e liderante (que oscila entre um Ian Curtis dos históricos Joy Division e um Brian McMahan dos míticos Slint). São estes os ingredientes elementares que em aliciante e erótica conjugação fazem deste novo trabalho de longa duração de Vago Sagrado, um registo verdadeiramente irresistível e impactante. Uma gloriosa ascensão que nos transporta do infortúnio ao triunfo em apenas 47 minutos de duração. Um disco impossível de passar despercebido aos ouvidos que nele ancorarem a sua atenção.

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