quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Review: ⚡ Stones Of Babylon - 'Hanging Gardens' (2019) ⚡

Da cidade de Lisboa chegam-nos as ressonâncias babilónicas do rumoroso power-trio Stones Of Babylon com a apresentação do seu imaculado primeiro trabalho de longa duração ‘Hanging Gardens’. Com o lançamento oficial tanto em formato de CD como digital agendado para o próximo dia 27 de dezembro pela mão do influente selo discográfico português Raging Planet, este impactante álbum de estreia vem governado e assombrado por um poderoso, místico, hipnótico e religioso Mantra Doom de envergadura imperial, extravagância arábica e execução plenamente instrumental que nos escancara os imponentes portais da velha e paradisíaca cidade da Babilónia com toda a sua azáfama mercantil, frondosos jardins suspensos e uma opulenta majestosidade capaz de pasmar e cegar o Homem contemporâneo. A sua sonoridade mirífica, intrigante e ritualística – de orações apontadas aos excêntricos Deuses que norteavam a crença da civilização babilónica – tem o dom de nos ampliar as pupilas, dilatar as narinas e prontamente converter em seus devotos peregrinos. Embebidos numa meditativa hipnose que nos magnetiza, eteriza e passeia pelos ensolarados, arenosos, tisnados e fantasiosos desertos da espiritualidade interior, somos sombreados e enfeitiçados por uma pérsica, deífica e edénica guitarra que se agiganta e tiraniza em Riffs monolíticos, dançantes, deslumbrantes e graníticos de onde espreitam e timidamente se vislumbram contemplativos, ácidos e embriagados solos, um sísmico, obscuro e vigoroso baixo de pulsante, densa, tensa e ondeante reverberação, e uma polvorosa, musculada e estrondosa bateria de ritmicidade ardente, cintilante, volumosa e galopante que tiquetaqueia, vergasteia e faroliza toda esta sagrada romaria de olhar cravado no horizonte onde se debruça um sol vigilante, intenso e bafejante. De distribuir elogiosas palavras também pelo magnífico artwork da autoria do produtivo, criativo e talentoso ilustrador português Soares Artwork que traduzira com irrepreensível lealdade para o domínio visual tudo aquilo que a profética musicalidade de Stones Of Babylon hasteia e amuralha no imaginário do ouvinte. São 47 minutos de uma imersiva liturgia que nos mantém a ela atracados do primeiro ao derradeiro tema. Uma quimérica viagem no tempo até à mitológica ancestralidade do Médio Oriente, de alma atestada e anestesiada de fascinada devoção e toda uma épica narrativa cinematográfica a timonar a nossa imaginação. Deixem-se empoeirar pelo enigmático misticismo de ‘Hanging Gardens’ e comungar um dos álbuns mais messiânicos e narcotizantes de 2019.

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