Da cidade de Lisboa
chegam-nos as ressonâncias babilónicas do rumoroso power-trio Stones
Of Babylon com a apresentação do seu imaculado primeiro trabalho de longa duração ‘Hanging
Gardens’. Com o lançamento oficial tanto em formato de CD como digital agendado
para o próximo dia 27 de dezembro pela mão do influente selo discográfico
português Raging Planet, este impactante álbum de estreia vem governado
e assombrado por um poderoso, místico, hipnótico e religioso Mantra Doom
de envergadura imperial, extravagância arábica e execução plenamente instrumental que nos escancara
os imponentes portais da velha e paradisíaca cidade da Babilónia com toda a sua azáfama
mercantil, frondosos jardins suspensos e uma opulenta majestosidade capaz de pasmar
e cegar o Homem contemporâneo. A sua sonoridade mirífica, intrigante e ritualística
– de orações apontadas aos excêntricos Deuses que norteavam a crença da civilização babilónica – tem o dom de nos ampliar
as pupilas, dilatar as narinas e prontamente converter em seus devotos
peregrinos. Embebidos numa meditativa hipnose que nos magnetiza, eteriza e passeia
pelos ensolarados, arenosos, tisnados e fantasiosos desertos da espiritualidade
interior, somos sombreados e enfeitiçados por uma pérsica, deífica e edénica
guitarra que se agiganta e tiraniza em Riffs monolíticos, dançantes, deslumbrantes
e graníticos de onde espreitam e timidamente se vislumbram contemplativos,
ácidos e embriagados solos, um sísmico, obscuro e vigoroso baixo de pulsante,
densa, tensa e ondeante reverberação, e uma polvorosa, musculada e estrondosa bateria
de ritmicidade ardente, cintilante, volumosa e galopante que tiquetaqueia, vergasteia e
faroliza toda esta sagrada romaria de olhar cravado no horizonte onde se
debruça um sol vigilante, intenso e bafejante. De distribuir elogiosas palavras
também pelo magnífico artwork da autoria do produtivo, criativo e talentoso
ilustrador português Soares Artwork que traduzira com irrepreensível lealdade
para o domínio visual tudo aquilo que a profética musicalidade de Stones Of
Babylon hasteia e amuralha no imaginário do ouvinte. São 47 minutos de uma
imersiva liturgia que nos mantém a ela atracados do primeiro ao derradeiro
tema. Uma quimérica viagem no tempo até à mitológica ancestralidade do Médio
Oriente, de alma atestada e anestesiada de fascinada devoção e toda uma épica narrativa
cinematográfica a timonar a nossa imaginação. Deixem-se empoeirar pelo enigmático
misticismo de ‘Hanging Gardens’ e comungar um dos álbuns mais
messiânicos e narcotizantes de 2019.
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