quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Review: ⚡ Coogans Bluff - 'Metronopolis' (2020) ⚡

Coogans Bluff é uma daquelas bandas exímias na arte de explorar, reinventar e conjugar os mais díspares sub-géneros do espectro Rock na sua sonoridade, dificultando assim a tarefa de rotular o seu som usando o menor número de carimbos possível. E se o seu passado discográfico já indiciava um crescente amadurecimento dessa vincada tendência, o novo álbum ‘Metronopolis’ representa o pináculo dessa sua incrível capacidade camaleónica. Lançado muito recentemente pela clássica editora berlinense Noisolution sob a forma física de CD e vinil, este sétimo álbum da banda germânica – localizada na cidade-capital de Berlim – vem lotado de temas desiguais, originando todo um multicolorido e apaladado sortido sonoro de onde facilmente se identifica um exótico, orquestral, jovial e carnavalesco Krautrock – de apurada sensibilidade jazzística, caleidoscópica pigmentação de feição psicadélica e uma serpenteante condução Progressiva – que se aproxima de forma discreta mas ousada de um caloroso e contagiante Funk, de um ostensivo, festivo e exuberante Brass Rock, e ainda se envolve e revolve numa renhida disputa de protagonismo com um agradável, afável e bem-disposto Indie Rock de estética e simetria radiofónicas. Na génese dessa aparatosa, refinada e apetitosa complexidade musical envaidece-se toda uma talentosa simbiose instrumental de incessantes, comoventes e fascinantes diálogos sublimemente tricotados, nutridos e orientados por um mirabolante saxofone de aveludados, uivantes, ofuscantes e requintados bailados, um atmosférico, intrigante e sidérico sintetizador Moog em forte cumplicidade com um melódico e onírico Mellotron, uma primordial guitarra de acordes enternecedores e provocantes, e solos ácidos e embriagantes, um baixo deliciosamente groovy de linhas pulsantes, empoladas, onduladas e murmurantes, uma animada e incitante bateria superiormente compassada a uma desarmante sensibilidade e dançante sagacidade, um berrante, enfático e penetrante trompete de orgulhosos bramidos, e ainda uns vocais melosos, simpáticos, lustrosos e angelicais que sobrevoam e ecoam tanto a solo como lado a lado pelos sorridentes e triunfantes firmamentos de ‘Metronopolis’. Este é um álbum vibrante, pensado, lapidado e executado a tocante primazia, que se auto-valoriza a cada audição que se lhe dedica. Um registo atestado de um epidémico enlevo que nos prende a um estádio de perfeito bem-estar. De olhar semi-selado e incendiado, bochechas coradas, sorriso perpetuado no rosto e alma a transbordar de êxtase, degustem atempadamente este açucarado, espirituoso e renovado trago destilado pelos inspirados foliões Coogans Bluff. Não vai ser fácil estancar e contrariar a duradoura e paradisíaca ressaca por ele em nós deixada, bem como a forte convicção de que se trata de um dos álbuns mais graciosos do ano.

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