Do outro lado do oceano Atlântico
chega-nos o rumoroso álbum de estreia do enérgico quarteto nova-iorquino Overdose.
Carimbado com a designação de ‘Two Wheels and Gone’ e oficialmente
lançado muito recentemente através do exclusivo formato digital – ainda que com
um lançamento em formato de vinil, e provavelmente também de CD, agendado para
o próximo verão – através da Splattered! Records (selo discográfico
especializado em Heavy Metal, Hard Rock e Punk), este portentoso
primeiro registo de longa duração carburado pela formação norte-americana vem oleado,
locomovido e valvulado por um pujante, atiçado, conturbado e ofegante Heavy
Metal de intensa, tensa e cáustica fogosidade a fazer recordar os célebres Motörhead.
A sua sonoridade demasiadamente revoltosa, alucinada, potente e estrondosa – vergastada e
esporeada a uma alucinante galopada de consumo impróprio para cardíacos – é
lavrada e governada por uma frenética comoção que prontamente nos infesta e atesta de
adrenalina. De coração vibrante, cabeça rodopiante e corpo transpirado, somos
carbonizados pela absorvente incandescência flamejada por todos os poros de ‘Two
Wheels and Gone’. Banhados pela espessa lava deste fumegante vulcão em
constante ebulição, somos violentamente agredidos e atiçados por um febril estádio
de efervescente excitamento fermentado e destilado por duas guitarras predatórias
que rugem imperiosos, picantes, trepidantes e impetuosos Riffs de onde se
desprendem gritantes, ácidos, delirados e penetrantes solos em debandada, um baixo
ronronante de reverberação pulsante, pujante, tensa e empolada, uma incansável bateria
calibrada pelo estilo Punk, vivamente pontapeada a entusiasmada, frenética e
arrojada marcha, e ainda uma voz escarpada, felina, erosiva e enfurecida – de
um abrasamento gutural a fazer lembrar o saudoso Lemmy Kilmister – que assanha
toda esta maquinaria pesada a toda a velocidade pelas loucas estradas de
alcatrão escaldado. ‘Two Wheels and Gone’ é um álbum
verdadeiramente selvagem e esmagador que nos dispara a euforia à mais alta rotação.
Deixem-se provocar pela infernal veemência de Overdose, e vivenciem como
puderem um dos registos mais electrizantes e contagiantes do ano.
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