Proveniente da histórica cidade
de Bjørgvin (a segunda maior da Noruega) chega-nos a demoníaca
bafagem exalada por uma das estreias mais ansiadas do ano. ‘Kryptograf’
é o primeiro álbum, de denominação homónima, forjado por este auspicioso quarteto
nórdico, que será amanhã – dia 12 de Junho – integralmente revelado pela mão do
selo discográfico local Apollon Records através do formato digital e nos
formatos físicos de CD e vinil (este último bifurcado em duas edições de
prensagem ultra-limitada a apenas 250 cópias cada). Herdeiros do santificado legado
deixado por vultosas referências como Black Sabbath, Pentagram e Witchfinder
General, bem como parentes próximos de consagradas bandas contemporâneas
como Witchcraft, Graveyard e Dunbarrow, estes quatro jovens
vikings fazem do enigmático, tenebroso, ostentoso e tirânico Proto-Metal
de adoração pagã a sua estrela orientadora. Resvalando ainda num intrigante, melódico,
fantasmagórico e enfeitiçante Occult Rock a fazer recordar Uncle Acid
& the Deadbeats, e num envolvente, experimental, espiritual e apaziguante
Prog Rock de influência Eloy’esca, tingido a nebuloso
psicadelismo, tricotado a um melancólico Folk de beleza outonal,
e de olhar içado nas profundezas da obscuridade astral, este primeiro passo
discográfico dado pelos Kryptograf baloiça entre um triunfante ritual de
reverência ocultista e uma aventurosa exploração pela infindável vacuidade cósmica.
Convertidos, capturados e dirigidos pela misticidade obscurantista superiormente
filosofada pelos noruegueses de instrumentos profanados pelo lado eclipsado da
religiosidade, somos dissolvidos numa brumosa efervescência sensorial e seguidamente
embalados numa poderosa narcose de sedação mental. Na génese desta embruxada
liturgia e profecia estelar estão duas guitarras luciféricas de Riffs esotéricos,
fumarentos, bolorentos e decrépitos, serpenteados por solos esvoaçantes,
ácidos, erosivos e penetrantes, um baixo massivo de linhas carregadas, tétricas,
magnéticas e sombreadas, uma bateria dominante de explosiva, acrobática,
enfática e altiva ritmicidade, e ainda uma voz Ozzy’esca
de tez avinagrada, diabrina e vampiresca – ocasionalmente diligenciada por um luminoso,
espectral e populoso coro vocal, transversal a todos os restantes membros – que
lidera com inegável carisma todo este sinistro culto de louvores arremessados
ao paganismo. São 35 minutos envoltos numa misteriosa, secreta e lutuosa eucaristia capaz
de nos arrepiar a pele, dilatar as pupilas e descorar a alma. Hasteiem os
vossos corações ao alto e comunguem com imperturbável fascinação e transbordante
devoção a ímpia e cega negrura farolizada por Kryptograf. Não será fácil escapar
deste trevoso sarcófago que nos mumificara do primeiro ao derradeiro tema.
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