sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Review: ⚡ Polymoon - 'Caterpillars of Creation' (2020) ⚡

Da cidade finlandesa de Tampere chega-nos o deslumbrante sonho musicado pelo jovem e talentoso quinteto Polymoon com o seu extraordinário álbum de estreia ‘Caterpillars of Creation’ que fora hoje mesmo lançado através do influente selo discográfico local Svart Records nos formatos físicos de CD e vinil. Oxigenado por um onírico, viajante e catártico Space Rock gravitado pelo exótico experimentalismo, um místico, fabular e ritualístico Progressive Rock matizado a etéreo, brumoso e caleidoscópico psicadelismo, e ainda um melancólico, ataráxico e vaporoso Shoegaze de propensão sideral, este primeiro passo discográfico do muito promissor colectivo nórdico representa toda uma épica digressão de percepção içada na direcção das mais longínquas e recônditas fornalhas estelares que farolizam o negro oceano cósmico. Atrelados a uma sonoridade verdadeiramente profética que nos balanceia da prostrada lisergia à embaciada euforia, somos intrigados, convertidos e maravilhados pela litúrgica alquimia de Polymoon. Com a tempestade e a bonança em admirável conciliação, ‘Caterpillars of Creation’ convida-nos a mergulhar nas caóticas e labirínticas profundezas de toda uma nebulosidade celestial. Inalada a sua mágica bruma, ingressamos num perpétuo movimento pendular que nos passeia da nirvânica sonolência espiritual à psicotrópica efervescência sensorial. Embalados na hipnótica vertigem que nos escoa e atordoa pela enlouquecedora escadaria de um dominante vórtice, testemunhamos o crescente desfoque da lucidez e a reinante ascensão da embriaguez. Na génese desta colorida amálgama condimentada a sublimidade, estão duas guitarras dialogantes que se manifestam em Riffs ensolarados, miríficos e embriagados, de onde emergem uivantes, ácidos e serpenteantes solos, um baixo pulsante que se adensa em linhas sombreadas, encaracoladas e magnetizantes, uma bateria jazzística de toque preciso, lustroso e fogoso, um intrigante sintetizador de beleza fabular que reveste toda a fantástica atmosfera do disco com um melódico ritual de auscultação astral, e ainda uma messiânica voz de tonalidade espectral, diamantina e angelical que – de forma compenetrada, leve e delicada – norteia e prazenteia o ouvinte pelo universo encantado de Polymoon. Este é um disco mutuamente meditativo e tempestivo, delicado e encrespado, garrido e esbatido, ardente e gélido, intenso e lenitivo. Um álbum integralmente arquitectado e erigido a uma esmerada simbiose instrumental que decerto não deixará ninguém recostado à indiferença. Deixem-se encandear, embevecer e levitar pela utópica radiância que banha todas as vastas planícies de ‘Caterpillars of Creation’ e vivenciem a irretocável majestosidade destilada de uma obra que estará seguramente perfilada por entre as mais premiadas e elogiadas do ano. Quando todos os instrumentos se remeterem ao desconfortável silêncio final, não será nada fácil despertar deste febril estado de sonambulismo que nos administrara ao longo de 40 minutos de duração e aceitar que a vivência do sonho terminara ali.

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