quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Review: ⚡ Madhouse Express - 'Surreal Meadow' (2020) ⚡

★★★★

Da cidade-capital de Praga (República Checa) chega-nos o maravilhoso álbum de estreia sublimemente formulado pelo quarteto Madhouse Express. Lançado na viragem da primeira para a segunda metade do presente mês de Novembro sob a forma digital e ainda em formato de vinil, ‘Surreal Meadow’ equilibra-se por entre uma efervescência vulcânica que nos sobreaquece de ardente euforia, e uma nebulosidade melancólica que nos arrefece de inebriante letargia. A sua obcecante sonoridade, orvalhada a purificante misticismo, texturizada a transbordante psicadelismo e trajada a extravagante revivalismo, desprende o floral aroma primaveril de um intoxicante, solarengo e extasiante Neo-Psychedelic Rock de estirpe sessentista, e a refrescante brisa salgada suspirada por um extravagante, serpenteado e dançante Surf Rock de ritmos Garageiros, ventos Western'eanos e arábicos devaneios. Influenciado por carismáticas referências dos vistosos 60's tais como The Doors, Jefferson Airplane e Ultimate Spinach, e climatizado por uma atmosfera onírica que nos mergulha num profundo estádio de imperturbável sonambulismo, este primeiro trabalho de longa duração hasteado pela refinada formação checa liberta toda uma mágica profusão de toxinas. De olhar semi-selado, narinas dilatadas, sorriso perpetuado no rosto, e cabeça bamboleada de ombro a ombro somos farolizados e cortejados por duas guitarras ácidas que rubricam caleidoscópicos, deslumbrantes e utópicos acordes de beleza principesca, e vomitam ecoantes, delirados e esvoaçantes solos de embriagante exotismo, um magnético baixo de bafagem pulsante, densa e flutuante, uma bateria tribal de ritmicidade hipnótica, acrobática e estimulante, sidéricos teclados de enfeitiçante alquimia superiormente musicada, e vocais joviais de simetria aristocrática, burlesca e profética que chefiam com eloquente distinção toda esta nirvânica e colorida digressão aos alucinantes anos 60. ‘Surreal Meadow’ amortalha e embala o ouvinte numa prismática, majestática e enlouquecedora narcose tingida a LSD. São 44 minutos de pura sinestesia que nos escancara as portas da percepção e esvaia toda a nossa consciência pelos infindáveis desertos da introspecção. Não vai ser fácil – ou sequer desejado – regressar deste lúcido sonho sulfatado a etérea toxicidade. Recostem-se confortavelmente, respirem pausada e profundamente, relaxem os membros, e desmaiem neste encantado universo sensorial de Aldous Huxley. Uma das mais impactantes surpresas sonoras desta ponta final de ano está aqui, na estética, religiosa e enteogénica digressão de Madhouse Express pelos desdobráveis firmamentos da nossa endeusada espiritualidade. Comunguem-no sem qualquer moderação, vivenciem-no sem qualquer inibição e reverenciem-no sem qualquer condição.

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