Do município espanhol
de Vitoria-Gasteiz (País Basco) chega-nos a revitalizante brisa desértica soprada
pelo jovem duo instrumental Duna com o lançamento do seu homónimo álbum
de estreia. Nascido no passado dia 1 de Fevereiro através do formato digital, ‘Duna’
é velejado e capitaneado por um atmosférico, imersivo, reflexivo e cinematográfico Post-Rock de espantosas narrativas visuais, que ocasionalmente se escalda e robustece num bronzeado, fogoso, arenoso e ensolarado Desert
Rock de clima contagiante. Parentes próximos dos históricos Yawning Man, estes bascos de
pés enraizados no poeirento solo do deserto, alma massajada pelo intenso bafo
do Sol, e olhos arremessados na vertiginosa direcção dos distantes céus
bordados de pulsantes estrelas, tricotam e desdobram uma deslumbrante, aventureira,
lívida e purificante sonoridade que em nós instaura todo um místico estado de
claridade interior. Surfando as onduladas dunas de um trigueiro tapete
desértico, driblando imponentes Saguaros que se espreguiçam nos céus
azul-turquesa, e içando o olhar embriagado no longínquo firmamento incendiado
pelas palpáveis vagas de calor, somos embevecidos pelos ziguezagueantes,
repetitivos e hipnotizantes bailados de uma etérea guitarra dedilhada a irretocável
sensibilidade, delicadeza e sensualidade que se esperneia numa perpétua
escadaria em espiral de solos uivantes, odorosos, deleitosos e embriagantes,
pela ronronante reverberação nasalada de um fibrado baixo conduzido a linhas
flutuantes, sombreadas, empoladas e magnetizantes que repete e não esquece cada uma das silabas que compõem o Riff-base, e ainda pela tilintante, diáfana e reconfortante
ritmicidade de uma bateria verdadeiramente estimulante. Profundamente absorvidos
nas estéticas texturas sonoras de Duna que se sobrepõem numa crescente e
labiríntica hipnose, somos banhados pelas nirvânicas marés de afago sensorial, e
desaguados nas douradas areias de um paradisíaco êxtase espiritual. ‘Duna’
representa toda uma fantástica, enfeitiçante e catártica digressão de profética
exploração mental e ataráxica ambiência estival. A incrível colagem que
ornamenta o vistoso artwork deste álbum tem os seus créditos autorais apontados
ao designer gráfico espanhol Cosmic Tentacles. Descontraiam todos os vossos membros e
sentidos neste genuíno oásis, e experienciem, de forma detida e apaixonada, o
ofuscante esplendor irradiado de um dos registos mais dulcificantes do género.
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