domingo, 21 de fevereiro de 2021

Review: ⚡ Void Commander - 'River Lord' (2021) ⚡

★★★★

Três anos volvidos depois de apresentado o seu homónimo EP (aqui desconstruído e aplaudido), o tridente sueco Void Commander regressa agora com o lançamento de um novo álbum intitulado ‘River Lord’ e exteriorizado em formato digital e ainda sob a forma física de CD e vinil pela mão do consórcio discográfico que coliga a Majestic Mountain Records e a Ozium Records. Guiados pela mesma estrela que os faroliza e influencia desde a sua fundação, estes jovens nórdicos sediados na cidade sulista de Karlskrona executam um viçoso, elegante e majestoso Classic Rock de primor Led Zeppelin’esco em erótica cumplicidade com um tenebroso, obscuro e ostentoso Proto-Doom de demoníacas ressonâncias Black Sabbath’icas. A sua sonoridade intrigante, sedutora e inflamante agiganta-se numa brumosa, etérea e fibrosa avalanche que nos absorve e revolve do primeiro ao derradeiro tema. Alternando entre exuberantes, melodiosas e deslumbrantes baladas docemente condimentadas a um luzidio corante Blues, e pesadas, assombradas e titânicas galopadas tensamente saturadas de um carregado negrume, ‘River Lord’ é um álbum enlutado e embruxado que nos entorpece, embevece e atormenta de forma impiedosa. Soterrados nesta intensa e doce narcose que nos adormece, eclipsa e amolece os sentidos, somos aliciados e conquistados pelas luciféricas danças de uma guitarra sobranceira que se serpenteia em grandiosos, parrudos e trevosos Riffs encrostados em fervilhante Fuzz, e desdobra em solos sinuosos, alucinados e vertiginosos, pela volumosa reverberação pesadamente bafejada por um baixo possante, soturno e magnetizante, pela ardente explosividade de uma bateria esporeada a uma enérgica, compacta e entusiasmada ritmicidade, pelos ziguezagueantes, ventosos e esvoaçantes uivos de uma harmónica soprada a espalhafatosa e graciosa vivacidade, e ainda pela pálida luzência de uma voz terrífica, vampírica e avinagrada – a fazer recordar a gélida e cortante acidez de Ozzy Osbourne – que sobrevoa as pardacentas florestas de Void Commander. São 37 minutos atestados de uma afrodisíaca, fumarenta e diabólica negrura que nos faz cair em tentação. Mergulhem num imperturbável estádio de sonambulismo à envolvente e embalante boleia de ‘River Lord’, e comunguem com inesgotável fascinação este rito de culto pagão.

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