sábado, 22 de maio de 2021

Review: ⚡ Amour - 'Hyperborea' (2021) ⚡

★★★★

Originário da cidade belga de Namur chega-nos ‘Hyperborea’, o novo álbum do jovem tridente instrumental Amour. Oficialmente lançado no final do passado mês de Abril através do formato digital e ainda numa apelativa edição em CD com carimbo autoral, este segundo álbum de Amour vem orvalhado, nutrido e sublimado por um deslumbrante, onírico, utópico e embriagante Psychedelic Rock de mãos dadas a um ambiental, cinematográfico, magnético e estético Post-Rock de envolvência espacial que – em simbiótica coligação – se entrelaçam, prosperam e desaguam num fogoso, empolgante, intoxicante e poderoso Heavy Psych de vistosa, fascinante e sinuosa orientação Progressiva. Fragmentada em quatro dilatadas, imersivas, evolutivas e condimentadas jam’s intergalácticas, esta caleidoscópica, enfeitiçante e paradisíaca odisseia de reconforto mental e consagração sensorial baloiça o ouvinte num invariável ricochete entre a melancólica sonolência e a eufórica efervescência. De sorriso desenhado no rosto, cabeça bamboleada ao sabor da mutável ondulação rítmica, e olhar eclipsado por uma expressão distante e sonhadora, somos seduzidos, embebidos e mergulhados nas umbrosas, infindáveis e vertiginosas profundezas do universo sideral, penetrando a mística intimidade de embrumadas nebulosas e driblando a gravidade dos corpos celestes que se revelam no horizonte. Atrelados aos aliciantes diálogos tecidos entre uma guitarra exploratória de serpenteantes, hipnotizantes, dinâmicos e giratórios riffs e solos ácidos, exóticos, labirínticos e alucinógenos, um baixo pesadamente ronronante de linhas pulsantes, obscurecidas, empoladas e ondeantes, uma bateria diligente que rege com expressiva liderança a selvática tempestade e a letárgica bonança, e ainda um tonificante teclado de dançantes, frescas, proféticas e apaixonantes harmonias, oscilamos entre as paralisantes temperaturas de um invernal, níveo e silencioso glaciar que se distende até onde a vista pode alcançar, e as febris temperaturas de um borbulhante, fumegante e infernal caldeirão que gorgoleja polposo magma de um vermelho incandescente. De sublinhar ainda o quimérico artwork de atmosfera SCI-FI, a fazer recordar o mítico artista francês Moebius, que aponta os seus respectivos créditos de autor ao ilustrador Adam Olds. Este é um álbum imensamente catártico que nos viaja pelas zonas mais erógenas do cérebro. Deixem-se embalar, transcender e enlevar nesta utópica digressão que nos catapulta tão para lá dos portais da perceção, e descortinem os mais secretos territórios de um Cosmos ansioso por ser pisado e desvendado.

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