terça-feira, 29 de junho de 2021

Review: ⚡ Deathchant - 'Waste' (2021) ⚡

★★★★

Na madrugada de 2019 reportava aqui o aparatoso atropelo perpetrado pela furiosa locomotiva californiana Deathchant que me vitimizara, e hoje venho novamente acusar o quarteto sediado em Los Angeles de reincidência. ‘Waste’ é o seu segundo álbum, muito recentemente lançado pela afamada discográfica RidingEasy Records nos formatos digital, CD e vinil, que detona na atmosfera toda uma enérgica dosagem de vulcânica adrenalina. Cruzando um musculoso, motorizado, destravado e oleoso Heavy Rock cadenciado a um dinâmico coice Punk e sintonizado na mesma frequência de Thin Lizzy e Motörhead, com um imperioso, melódico, enigmático e umbroso Proto-Metal revolvido a efervescente psicadelismo, e ainda um chamejante, corrosivo, eruptivo e excruciante Grunge de febril fogosidade a fazer recordar Melvins e Corrosion of Conformity, este impactante ‘Waste’ estreita os contrastes entre o peso e a leveza, a desaceleração e a aceleração, a ternura e a aspereza. De cabeça freneticamente rodopiante, maxilares cerrados, olhar incendiado e alma atestada de pura excitação, somos agredidos, mastigados e sacudidos pela magmática, enfática e transpirada ferocidade de Deathchant à redentora, alucinante e enlouquecedora boleia de duas guitarras gémeas e predatórias que se alinham na edificação de Riffs rochosos, altivos, incisivos e volumosos, e desalinham na apressada condução de solos virtuosos, ziguezagueantes, electrizantes e gloriosos, um trovejante baixo pesadamente bafejado a linhas fibróticas, tensas, densas e hipnóticas, uma incansável bateria ciclónica de batida impetuosa, galopante, provocante e estrondosa, e ainda uma voz felina de rugidos denteados, viscerais, siderais e avinagrados. São 30 minutos trilhados a alta rotação e climatizados a escaldante comoção. Este ‘Waste’ é um registo verdadeiramente ofensivo, intempestivo e demolidor – de faca nos dentes e forte odor a gasolina – que me esporeara, estremecera e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. Agarrem firmemente as rédeas desta possante cavalgada de espadas desembainhadas, narinas fumegantes e lanças empunhadas, e deixem-se consumir pelas negras e infernais labaredas de Deathchant. No final, restará um corpo ofegante, respingado de suor e com o coração desesperado, agarrado ao gradeamento torácico. Um dos meus álbuns favoritos de 2021 está aqui, no polvoroso desassossego destes quatro cavaleiros do apocalipse. Amotinem-se nele.

Links:
 Bandcamp
 RidingEasy Records

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