sexta-feira, 27 de maio de 2022

Review: ☥ Peth - 'Merchant of Death' (2022) ☥

★★★★

Com o epicentro localizado na cidade de Jonestown (Texas, EUA), chegam-nos as densas, tensas e trevosas ressonâncias detonadas pela impiedosa estreia da recém-formada banda Peth. Designado ‘Merchant Of Death’ e lançado hoje mesmo através da companhia discográfica italiana Electric Valley Records nos formatos LP e digital, este primeiro álbum do jovem quarteto texano vem encarvoado, consumido e demonizado por um montanhoso, ocultista, ritualista e fogoso Proto-Doom de arrepiantes ecos Black Sabbath’icos, Pentagram’icos e Wicked Lady’eanos, um excitante, venenoso, furioso e atordoante Heavy Psych locomovido e efervescido à boa moda de Sweat Lodge, Petyr e Ball, e ainda um elaborado, arenoso, lustroso e oleado Hard Rock de indiscreta evocação setentista que aponta influências a Wishbone Ash, ZZ Top e White Dog. A sua sonoridade electrizante, enfeitiçante, perversa e intoxicante – distorcida a um crepitante, vulcânico e faiscante Fuzz – sobrevoa, num bater de asa buliçoso e com olhar inquisidor, os oito temas que compõem o disco. São 40 minutos motorizados por um intenso e vibrante deslumbramento luciférico que prontamente nos converte em seus devotos discípulos. Mumificados e aprisionados num sarcófago, somos arremessados para o abismo do lado eclipsado da religiosidade e ceifados pelas fantasmagóricas diabruras de duas guitarras Iommi’escas e siamesas que se agigantam em rochosos, mastodônticos, espadaúdos e umbrosos Riffs de onde são desaguados e centrifugados solos ácidos, ziguezagueantes, trepidantes e alucinados, pelo ardente e palpável bafo de um fibroso baixo bombeado a linhas pujantes, coesas, magnéticas e serpenteantes, pelo incansável galope de uma fogosa bateria açoitada a um ritmo incessante, desembaraçado, desenfreado e empolgante, e ainda pelos intrigantes vocais Ozzy’escos que se bifurcam em tonalidades azedas, vampíricas e esbranquiçadas e outras bolorentas, cadavéricas e urticantes. De destacar ainda a inesperada presença de uma versão cover da inquietante “Run the Night” (originária dos clássicos britânicos Wicked Lady) superiormente interpretada pela turma texana. É à sombra do hieróglifo egípcio Ankh que estes mercantilistas da morte hasteiam toda uma sísmica, selvática e litúrgica magia negra de preces encaminhadas para as divindades pagãs. De empoeiradas texanas calçadas, chapéus de aba larga poisados nas cabeças baloiçantes e cervejas Lone Star ao alto, juntem-se ao exorcizante ritual de Peth. Um dos meus álbuns favoritos do ano está aqui, na fervilhante, virulenta e provocante fuligem de ‘Merchant of Death’. Revolvam-se e profanem-se nele.

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