segunda-feira, 30 de maio de 2022

Review: 🦄 Soft Ffog - 'Soft Ffog' (2022) 🦄

★★★★

É proveniente da Noruega que acaba de dar à costa aquele que é – até à presente data – o meu álbum favorito de 2022. De denominação homónima e oficialmente lançado pela recém-formada companhia discográfica norueguesa Is It Jazz? Records (este é, de resto, o primeiríssimo registo editado pelo jovem selo) através dos formatos LP, CD e digital, este fabuloso álbum de estreia do virtuoso quarteto escandinavo Soft Ffog tricota um celestial, matemático, entusiástico e piramidal Jazz Fusion (ornamentado com vistosos adereços Avant-garde) de mãos dadas a um nevrálgico, nervudo, sisudo e apoteótico Prog Rock de imperiosos empolamentos. Deslindada de um labiríntico novelo onde se enfileiram desafiantes, impressionantes e audaciosas composições, a inventiva, extravagante, opulenta e expansiva sonoridade de ‘Soft Ffog’ pendula entre nirvânicas paisagens de arejada, miraculosa e orvalhada acalmia (ensolaradas a um brilho diamantino e condimentadas com cheirosas especiarias Canterbury’escas) e turbulentos sismos de grande magnitude que acordam e agigantam monstruosos, fibrosos e demolidores tsunamis de endorfinas. Munidos de um vastíssimo leque de influências – como por exemplo King Crimson, Soft Machine, Deep Purple, Nucleus, Pat Metheny, Terje Rypdal e Return to Forever – estes quatro discípulos do Jazz brindam o ouvinte com uma sumptuosa, esdrúxula e aparatosa sinergia que o manterá firmemente atrelado a esta consumada obra-prima do primeiro ao derradeiro tema. Surfado por uma sofisticada guitarra que se enrijece, dilata e enegrece em Riffs excepcionais, enfeitiçantes, galvanizantes e esculturais, e se endoidece nos alucinantes rabiscos de solos ziguezagueantes, trepidantes, abstractos e cerebrais, sombreado por um baixo retorcido de linhas elásticas, pululantes, trovejantes e magnéticas, açoitado por uma bateria verdadeiramente sensacional de chamejantes baquetas a domesticar todo um fervoroso, selvático, ciclónico e vertiginoso bacanal, e sublimado por um mágico sintetizador de serpenteios enleantes e melodias refrescantes, etéreas, fabulares e embriagantes, ‘Soft Ffog’ é um álbum autenticamente fenomenal que tanto me faz desmaiar prazerosamente numa onírica e enleante letargia, como sobreaquecer e implodir numa espasmódica e eruptiva euforia. Petrificados e embalados numa perpétua escadaria percorrida em espiral, que nos conduz vertiginosamente pelos artifícios de uma atordoante montanha-russa, somos resvalados pelas costuras fronteiriças da insanidade. Este é um álbum seráfico e titânico, onde um violento caos superiormente domado coabita com uma gentil finura acolchoada a quimérica ternura. Alcanço o final deste imaculado registo completamente esgotado e derrotado pela sua mastodôntica altivez. Percam-se e encontrem-se nele.

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