sexta-feira, 3 de junho de 2022

Review: 🌴 El Perro - 'Hair of El Perro' (2022) 🌴

★★★★

Está finalmente lançado o muitíssimo aguardado álbum de estreia do novo projecto liderado pelo talentoso multi-instrumentista norte-americano Parker Griggs (guitarrista e vocalista de Radio Moscow), El Perro, e devo antecipar que as altíssimas expectativas a ele dedicadas foram completamente inundadas pela realidade. Carimbado com o selo discográfico californiano Alive Records e exteriorizado através dos formatos físicos de LP e CD, ‘Hair of El Perro’ vem ensolarado, revolvido e apaladado por um refrescante, sumarento e revitalizante cocktail de onde sobressaem um dançante, lubrificado, torneado e provocante Blues Rock de contagiante balanço Boogie, um tropical, estival, colorido e açucarado Psychedelic Rock de sotaque latino, e ainda um ritmado, exótico, afrodisíaco e bronzeado Funk Rock de estirpe setentista. Bamboleado por um delicioso, bem-disposto e libidinoso groove de clima veraneio que sobreaquece, inquieta e embevece os seus ouvintes, o quinteto El Perro envaidece-se num carnavalesco Samba onde desfilam clássicas influências como Funkadelic, Santana e ZZ Top. A sua sonoridade picante, sensual e contagiante obriga-nos a dança-lo – de forma detida e desinibida – do primeiro ao derradeiro tema. Transpirados, buliçosos e excitados pela esfuziante fogosidade que chameja este vistoso álbum, somos centrifugados à estonteante boleia de duas guitarras apimentadas que rugem vulcânicos, serpenteantes e empolgantes Riffs de onde são uivados e esvoaçados venenosos, espaventosos e alucinados solos, um baixo baloiçante de linhas sinuosas, inchadas e ostentosas, uma bateria arrojada – em cumplicidade com uma festival e sensacional percussão de natureza tribal – de dinâmica, entusiástica e desembaraçada ritmicidade, e uma voz felina de pele abrasiva, áspera e urticante. ‘Hair of El Perro’ é um orgásmico e bombástico bacanal de efervescente vivacidade e ardente comoção. Um vertiginoso caleidoscópio de vibrante e imersivo psicadelismo que nos empurra para o centro da pista de dança. Um majestoso arco-íris de boas sensações e paradisíacas vibrações que nos ofusca, seduz e conduz a um inescapável estádio de nirvânica euforia. Uma queimosa e apetitosa iguaria, rica em sacarose, de consumo não recomendável a diabéticos. Eis a banda-sonora perfeita para emoldurar o verão que se avizinha, e que, para meu transbordante entusiasmo, será tocada ao vivo (e logo em dose dupla) no festival português SonicBlast calendarizado para meados de Agosto. Não vai ser nada fácil afastar este irresistível registo da dianteira que lidera a custosa maratona pelo título de melhor álbum do ano.

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