Com 25 anos de
existência e oito álbuns lançados, os germânicos Rotor são hoje uma incontornável
referência Rock dentro do panorama musical alemão, ainda que para
lá das fronteiras da Alemanha e apesar da sua vitalidade, fiabilidade e qualidade
inegáveis, o quarteto sediado na cidade-capital de Berlim, continue –
estranhamente, devo confessar – a passar despercebido aos olhos de quem promove
os mais conceituados festivais europeus que alimentam e consagram o circuito underground. Conheci
a banda há já sensivelmente 15 anos e, desde então, não mais os perdi de vista.
Em 2015 escrevia aqui elogiosas palavras ao seu fabuloso ‘Fünf’ (muito provavelmente
o meu registo favorito de Rotor), e hoje trago à mesa o seu novíssimo
trabalho, intitulado ‘Sieben’ e lançado sob a forma física de LP e CD
com o carimbo editorial da insuspeita Noisolution, que se junta lado a
lado com o registo anteriormente citado no que ao grau da minha preferência diz
respeito. Tendo como seus principais combustíveis um fogoso, rugoso empolgante e
arenoso Desert Rock de inspiração Kyuss’eana e um sinuoso,
dançante, cativante e oleoso Prog Rock de serpenteios enleantes, os Rotor
arrancam – de motor barulhento, escape fumarento e a alta rotação – pelas
poeirentas estradas de um infindável deserto bronzeado pelo dourado Sol poente.
Atrelados a esta alucinante boleia que tanto nos centrifuga e incendeia em ciclónicas,
pesadas e turbulentas rajadas fervidas a euforia, como embriaga em maravilhosas
paisagens pinceladas a cores crepusculares e oxigenadas a uma ataráxica acalmia,
somos facilmente conquistados pela sua calorosa sonoridade instrumental de
fácil digestão e imediata fascinação. Balanceado entre a condensada, ardente e
pesada negrura que nos asfixia, e a contemplativa, ensolarada e imersiva lisergia
que nos eteriza, ‘Sieben’ é governado por uma bipolaridade climática que
nos mantém seduzidos do primeiro ao último tema. Varrido por duas guitarras liderantes
– electrificadas a urticante e efervescente distorção – que se agigantam na hipnótica
condução de polposos, nervudos e inflamantes Riffs incensados a edénicas
fragâncias arábicas de onde florescem maravilhosos, espirituosos e intoxicantes
solos de psicotrópica acidez, aquecido pelo reverberante bafo de um baixo obeso
orientado a linhas densas, tensas e ondeantes, e escoiceado por uma excitante bateria
de pratos flamejantes e timbalões retumbantes, este sétimo álbum de estúdio dos Rotor
é carburado a exultante, apimentada e transbordante paixão. São 37 minutos de
um inquebrável magnetismo que nos dilata as pupilas e abana o corpo. Deixem-se
viajar e canalizar pelas artérias de ‘Sieben’ e experienciem com imoderado deleite todo o
esplendor de um álbum verdadeiramente arrebatador.
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