quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Review: 🪐 Domkraft - 'Sonic Moons' (2023) 🪐

★★★★

Com o epicentro localizado na cidade-capital de Estocolmo (Suécia), chegam-nos as ondas sísmicas provocadas pelo enérgico power-trio Domkraft que nos presenteia e bombardeia com o seu novíssimo álbum – provavelmente o meu favorito da banda nórdica – intitulado ‘Sonic Moons’ e lançado pela mão da Magnetic Eye Records através dos formatos LP, CD, cassete e digital. Este novo capítulo da sua impactante propulsão cósmica principiada em 2015 tem como combustível um intoxicante, vertiginoso, delirante e poderoso Psychedelic Doom – sintonizado na mesma frequência dos saudosos Zoroaster – que nos viaja a uma estonteante velocidade pelas autoestradas da vacuidade sideral e distorce as coordenadas do espaço-tempo. A sua sonoridade buliçosa, vigorosa e electrizante embarca o ouvinte num alucinante escapismo sónico que lhe subtrai toda a lucidez e sensibilidade sensorial, deixando-o à deriva num insano estádio de febril embriaguez. De dentes cravados no lábio inferior, olhar fulminante e cabeça rodopiante, driblamos todos os astros que se vão desenraizando e revelando no firmamento do negro solo cósmico e resvalamos as costuras que delimitam a infinidade celestial. Uma turbulenta, redentora e enlouquecedora odisseia à impressionante boleia deste cometa que golpeia e incendeia a eterna noite espacial. ‘Sonic Moons’ é uma intensa detonação de adrenalina que não deixará ninguém indiferente. Uma mastodôntica avalanche de endorfinas que nos atropela e sacode. Deixem-se varrer pelas fortes rajadas de ventos psicotrópicos bafejados por uma imperiosa guitarra – encrostada a crocante, crepitante e faiscante efeito Fuzz – que se agiganta numa obsessiva marcha de enfeitiçantes, monolíticos, místicos e viciantes riffs de onde esvoaçam escorregadios, trepidantes, ziguezagueantes e gélidos solos, ensombrecer pela umbrosa, oleosa, espessa e pantanosa reverberação de um baixo hipnótico, açoitar pela viril potência de uma vulcânica bateria pontapeada a expressiva, explosiva, robusta e incisiva ritmicidade, e estremecer pela rispidez dos vocais ecoantes, ásperos, abrasivos e gritantes. A colorida e soberbamente detalhada ilustração que dá rosto a esta infernal combustão aponta os seus créditos autorais ao artista sueco Björn Atldax (que há muito colabora com a banda). São 47 minutos de incessante ebulição. Um violento, vibrante e barulhento arrastão que nos canaliza e inferniza pelos buracos negros do Universo. Chego ao fim desta galopante viagem galáctica completamente atordoado, extenuado, ofegante e de mãos apoiadas nos joelhos. Este é um álbum verdadeiramente demolidor, detentor de uma inflamada e efervescente pujança que nos agride e centrifuga sem qualquer misericórdia. Isto é Domkraft no seu melhor.

Links:
  Facebook
  Instagram
  Bandcamp
 
 Magnetic Eye Records

Sem comentários: