quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Review: 🌙 Edena Gardens - 'Dens' (2023) 🌙

★★★★

Está finalizada a trilogia da fascinante banda dinamarquesa Edena Gardens que reúne músicos de Causa Sui, Papir e Sun River. Depois do homónimo álbum de estreia (aqui descrito) e do segundo trabalho ‘Agar’ (aqui descrito), este talentoso tridente escandinavo apresenta agora o seu terceiro (e derradeiro?) capítulo intitulado ‘Dens’ e editado através da insuspeita El Paraiso Records nos formatos LP (600 cópias), CD (300 cópias) e digital. Replicando a receita sonora que deu cor, textura e sabor aos seus antecessores, ‘Dens’ passeia-se livre e graciosamente pelas verdejantes planícies de um ternurento, outonal, pastoral e sonolento (no sentido elogioso da palavra) Contemporary Jazz, e pelas paradisíacas praias de um embriagado, relaxante, deslumbrante e aromatizado Psychedelic Rock. Conjugando a quentura desértica de Ry Cooder, o estético virtuosismo de John Abercrombie, a salgada brisa oceânica de Jim Thomas (The Mermen), as paisagens cinematográficas de Bill Frisell e a gélida melancolia de Jakob Bro, Edena Gardens vive da fina sensibilidade, do labiríntico detalhe, da pura espontaneidade e sublime formosura, provocando no ouvinte toda uma permeabilidade emocional. A sua sonoridade idílica, lenitiva, fresca, introspectiva e ambiental conduz-nos até uma janela com vista desimpedida para a noite cósmica, de cotovelos apoiados no parapeito, rosto desmaiado nas palmas das mãos e um olhar sonhador içado na vertiginosa direcção do mais longínquo firmamento estelar. ‘Dens’ representa uma tela onde vagueiam irreverentes pinceladas de um abstracto psicadelismo, emoldurada pela disciplinada elegância da música Jazz. Uma simbiótica improvisação de estirpe instrumental onde dialogam uma sumptuosa guitarra de inesgotáveis, floridos, límpidos e adoráveis solos trajados por uma insuperável beleza que nos derrete de emoção e manejados por uma admirável destreza que nos corta a respiração, um baixo murmurante de linhas elásticas, baloiçantes, magnetizantes e fibróticas, uma bateria tribal a trote de timbalões marchantes e pratos tilintantes, reluzentes e flamejantes, e ainda um quimérico sintetizador que liberta imersivos e enfeitiçantes coros celestiais nesta atmosfera brumosa, edénica e miraculosa. São 47 minutos mergulhados numa narcótica hipnose que nos mantém maravilhados do primeiro ao derradeiro tema. Um verdadeiro oásis sensorial onde nos reconfortamos, de espírito inundado por uma inapagável sensação de pleno bem-estar. Deixem-se anoitecer, prender e embevecer pela harmoniosa, anestésica, formosa e onírica musicalidade de ‘Dens’, e sintam-se fluir sossegada e vagarosamente pelos acetinados lençóis deste nirvânico sonho sem a mais pequena vontade dele despertar.

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