Da cidade australiana
de Sydney chega-nos o excitante terceiro álbum do irreverente quarteto Magic
Machine, intitulado ‘Castle in the Sky’ e lançado na segunda metade
do passado mês de Abril através dos formatos LP e digital. Resultante da delirante
combinação entre um dançante, buliçoso, fogoso e empolgante Garage Rock e
um exótico, refrescante, deslumbrante e caleidoscópico Heavy Psych, este
multicolorido, polposo, espirituoso e apaladado cocktail sonoro – que
nos deixa os lábios açucarados, a língua apimentada, as maçãs do rosto rosadas
e o espírito totalmente arrebatado – subtrai a lucidez e atesta de embriaguez
todo aquele que o degustar. Vibrante, magnetizante, enérgica e contagiante, a musicalidade desta indisciplinada turma
australiana partilha as mesmas características de outras formações autóctones
como King Gizzard and The Lizard Wizard, The Murlocs e ORB,
bem como de forasteiras como as francesas The Socks e Sunder, as
norte-americanas Fuzz e The Gorlons, a austríaca The Heavy Minds e a portuguesa Travo. Saltitando
entre o fervilhante e o refrigerante, o belicoso e o amistoso, o vertiginoso e
o vagaroso, o sufocante e o arejado, percorremos todo um vasto espectro climatérico
e emocional que nos mantém de fascinação incendiada e atrelada a ‘Castle in
the Sky’ do primeiro ao derradeiro tema. Um chamejante banho de
enfeitiçante, imersivo e provocante psicadelismo de maneiras rebeldes que nos inunda,
empurra para o meio da pista de dança e desencaixa o quadril. São 43 minutos tanto
incinerados pela alucinante euforia quanto ventilados pela reflexiva ataraxia. Um
mastodôntico tsunami de boas sensações que nos naufraga sem boia de salvação. De
pupilas ampliadas, maxilares cerrados, narinas dilatadas e cabeça rodopiante
somos aspirados por esta enlouquecedora, hipnótica e libertadora espiral – sem
portal de saída – à alucinante boleia de uma guitarra intoxicante que liberta instigantes,
invertebrados, serpenteados e viciantes riffs – consumidos pela inflamante
erosão do electrizante efeito Fuzz – de onde disparam e descarrilam solos
estonteantes, vistosos, venenosos e trepidantes, um baixo dominante de linhas
possantes, musculosas, oleosas e ondeantes, um mágico teclado de mugidos intrigantes,
alienígenas, encaracolados e bailantes, uma bateria propulsiva a trote de um
ritmo expressivo, intenso, frenético e explosivo, e uma voz liderante de
expressão traquina, ecoante, avinagrada e diabrina que ferve neste revolto mar
de lavaredas. Chego ao fim desta frenética montanha-russa de mãos apoiadas nos
joelhos, atordoado, ofegante e com um pé nas escorregadias fronteiras do
delíquio. Estão todos convidados para esta carnavalesca festa no castelo. Embalem no esponjoso, delicioso e bem-disposto groove desta
centrifugadora chamada Magic Machine, e experienciem – com total entrega
e sem qualquer moderação – todo o incontido, vivaz e colorido entusiasmo transudado
por um dos meus álbuns favoritos do ano vigente.
segunda-feira, 27 de maio de 2024
Review: 🏰 Magic Machine - 'Castle in the Sky' (2024) 🏰
★★★★★
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