quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Review: 🌠 Cosmic Fall - 'Back Where the Fire Flows' (2024) 🌠

★★★★

Depois do capítulo inaugural ‘First Fall’ lançado em 2016 (crónica aqui), do segundo ‘Kick Out the Jams’ lançado em 2017 (crónica aqui) e do terceiro ‘In Search of Outer Space’ lançado em 2018 (crónica aqui) seguiu-se um longo jejum discográfico, só agora interrompido com a surpreendente eclosão do quarto capítulo ‘Back Where the Fire Flows’ desta admirável odisseia espacial brilhantemente jornadeada pelos cosmonautas germânicos Cosmic Fall. Editado sob as formas LP, CD e digital pela sua compatriota Clostridium Records, este novo álbum do regressado tridente Cosmic Fall posiciona-se como o meu registo favorito da banda berlinesa. Com o depósito atestado de um extasiante, pirotécnico, tóxico e alucinante Psychedelic Rock de feições Earthless’eanas e de um imersivo, viajante, propulsivo e estimulante Space Rock de bênção Electric Moon’esca, mergulhamos – sem reservas ou temores – na sedutora e eterna noite cósmica à inspiradora boleia das intuitivas, ácidas, ventiladas e evolutivas jams instrumentais da turma alemã. Baloiçando entre atmosféricas passagens de atordoante lisergia e electrizantes descargas de veemente euforia, somos desenraizados do solo terrestre e disparados na vertigem sónica para os mais longínquos e recônditos territórios do Cosmos bocejante, driblando a labiríntica cintura de asteroides, cavalgando cometas que vogam o incomensurável oceano celestial, sobreaquecendo nas incandescentes fornalhas estelares, trespassando coloridas e fantasmagóricas nebulosas e resvalando as fronteiras gravitacionais de solitários e titânicos astros suspensos na vacuidade ultraterrestre. Uma explosiva erupção de lustroso, colorido e fogoso psicadelismo que nos seduz, eteriza e canaliza pelas sinuosas autoestradas espaciais de uma guitarra alucinógena que se embevece na condução de místicos, deleitosos, caleidoscópicos e hipnóticos riffs, e endoidece num enxame de solos ziguezagueantes, luzidios, fugidios e delirantes, pelas arrastadas, sombreadas, quentes e encorpadas linhas de um baixo rabugento, e pelos esponjosos, vistosos e tribalistas ritmos saídos dos pratos tilintantes e flamejantes e dos timbalões acrobáticos e enfáticos de uma bateria desassossegada. São 45 minutos de uma profunda e intensa absorção psicotrópica debaixo de uma torrencial chuva de estrelas. ‘Back Where the Fire Flows’ é um álbum pautado a duas velocidades, governado pela bipolaridade contemplativo versus agressivo, que tanto nos amolece e anoitece numa pesada embriaguez, como efervesce e enlouquece nas vulcânicas lavaredas da adrenalina. Submerjam no imenso céu constelado de Cosmic Fall e dispersem-se pelo firmamento estelar sem vontade de à tona deste sonho regressar.

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