Nascidos e erguidos
das cinzas dos saudosos Toke – formação entretanto extinta na sequência do
trágico evento ocorrido em 2021 que vitimara mortalmente o guitarrista Tim
Bryan –, os Bronco acabam de lançar o seu infernal álbum de estreia, de
designação homónima e edição a cargo da gravadora nova-iorquina Magnetic Eye
Records através dos formatos LP, CD e digital. Natural do promontório Cabo
Fear (localizado na cidade de Wilmington, Carolina do Norte, EUA),
este electrizante, sÃsmico, tóxico e impactante tridente aponta os seus instrumentos ao
demonÃaco, dominante, distópico e enfeitiçante Doom Metal e ao fogoso, altivo,
agressivo e acrimonioso Southern Sludge. De influências subtraÃdas a
referências dos géneros, tais como Trouble, Corrosion of Conformity,
Eyehategod, Buzzoven, Crowbar, Sourvein, Iron
Monkey, Reverend Bizarre, Bongzilla, Church of Misery,
YOB, High on Fire, Weedeater, Kylesa e Thou,
a trevosa, depravada, carregada e belicosa sonoridade de ‘Bronco’
germina nos nimbosos, lamacentos, musguentos e brumosos pântanos e soterra-se
nas abissais funduras da eterna noite cósmica. TerrÃfico, pujante, urticante e cÃnico,
este primeiro trabalho de Bronco vem atestado de uma pervertida, violenta,
rabugenta e inflamada pretura que nos intoxica, sufoca e incendeia sem misericórdia. Um
autêntico lança-chamas que cauteriza a nossa lucidez e alcooliza o espÃrito de
um elixir luciférico. De semblante intrigado, pele eriçada, olhar esbugalhado e
alma mumificada por um profundo estádio de imersivo hipnotismo, vagueamos, de
sentidos narcotizados, pelos assombrados lodaçais de ‘Bronco’. Uma
expedição ao paraÃso perdido onde só subsiste a mortificação, a descrença, o
desalento e a aflição. De espÃrito integralmente inundado por uma insuportável
sensação de angústia, percorremos as suas fatÃdicas, sinistras e apocalÃpticas
paisagens que nos conduzem, oprimidos, temulentos e deprimidos, ao lado
eclipsado da religiosidade. Um asfixiante, predatório e incessante pesadelo superiormente
musicado por uma guitarra tirânica de rugosos, resinosos, fumegantes e
imperiosos riffs e solos deslizantes, alucinados, embriagados e ziguezagueantes,
um baixo massivo de reverberação possante, obesa, tesa e vibrante, uma bateria potente
de ritmicidade explosiva, tempestuosa, estrondosa e incisiva, e vocais raivosos,
ferrugentos, abrasivos e guturais que ressoam e ecoam pelos fervilhantes 45
minutos deste cavernoso, despótico e escabroso álbum em borbulhante ebulição. Este é um registo de
natureza brutal, locomovido a intensidade, ardência, indecência e ferocidade que nos caça e atormenta. Encarvoem-se
nas intimidantes, faiscantes e claustrofóbicas trevas de Bronco e
enfrentem os vossos fantasmas interiores de punhos cerrados, narinas fumarentas
e olhar fulminante.
Links:
➥ Instagram
➥ Bandcamp
➥ Magnetic Eye Records
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