sexta-feira, 7 de março de 2025

Review: 👹 Bronco - 'Bronco' (2025, Magnetic Eye Records) 👹

★★★★

Nascidos e erguidos das cinzas dos saudosos Toke – formação entretanto extinta na sequência do trágico evento ocorrido em 2021 que vitimara mortalmente o guitarrista Tim Bryan –, os Bronco acabam de lançar o seu infernal álbum de estreia, de designação homónima e edição a cargo da gravadora nova-iorquina Magnetic Eye Records através dos formatos LP, CD e digital. Natural do promontório Cabo Fear (localizado na cidade de Wilmington, Carolina do Norte, EUA), este electrizante, sísmico, tóxico e impactante tridente aponta os seus instrumentos ao demoníaco, dominante, distópico e enfeitiçante Doom Metal e ao fogoso, altivo, agressivo e acrimonioso Southern Sludge. De influências subtraídas a referências dos géneros, tais como Trouble, Corrosion of Conformity, Eyehategod, Buzzoven, Crowbar, Sourvein, Iron Monkey, Reverend Bizarre, Bongzilla, Church of Misery, YOB, High on Fire, Weedeater, Kylesa e Thou, a trevosa, depravada, carregada e belicosa sonoridade de ‘Bronco’ germina nos nimbosos, lamacentos, musguentos e brumosos pântanos e soterra-se nas abissais funduras da eterna noite cósmica. Terrífico, pujante, urticante e cínico, este primeiro trabalho de Bronco vem atestado de uma pervertida, violenta, rabugenta e inflamada pretura que nos intoxica, sufoca e incendeia sem misericórdia. Um autêntico lança-chamas que cauteriza a nossa lucidez e alcooliza o espírito de um elixir luciférico. De semblante intrigado, pele eriçada, olhar esbugalhado e alma mumificada por um profundo estádio de imersivo hipnotismo, vagueamos, de sentidos narcotizados, pelos assombrados lodaçais de ‘Bronco’. Uma expedição ao paraíso perdido onde só subsiste a mortificação, a descrença, o desalento e a aflição. De espírito integralmente inundado por uma insuportável sensação de angústia, percorremos as suas fatídicas, sinistras e apocalípticas paisagens que nos conduzem, oprimidos, temulentos e deprimidos, ao lado eclipsado da religiosidade. Um asfixiante, predatório e incessante pesadelo superiormente musicado por uma guitarra tirânica de rugosos, resinosos, fumegantes e imperiosos riffs e solos deslizantes, alucinados, embriagados e ziguezagueantes, um baixo massivo de reverberação possante, obesa, tesa e vibrante, uma bateria potente de ritmicidade explosiva, tempestuosa, estrondosa e incisiva, e vocais raivosos, ferrugentos, abrasivos e guturais que ressoam e ecoam pelos fervilhantes 45 minutos deste cavernoso, despótico e escabroso álbum em borbulhante ebulição. Este é um registo de natureza brutal, locomovido a intensidade, ardência, indecência e ferocidade que nos caça e atormenta. Encarvoem-se nas intimidantes, faiscantes e claustrofóbicas trevas de Bronco e enfrentem os vossos fantasmas interiores de punhos cerrados, narinas fumarentas e olhar fulminante.

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