Depois do homónimo ‘Sageness’ (lançado em 2017 e aqui estudado), de ‘Akmé’ (divulgado em 2019 e aqui examinado) e de ‘Tr3s’ (editado em 2022 e aqui observado), o nosso satélite recebe agora uma nova emissão apelidada de ‘Inner Empires’ proveniente da aventureira nave espacial Sageness que há cerca de uma década analisa, explora e coloniza novos territórios alienÃgenas. Captado em solo terrestre no inÃcio do passado mês de Agosto através dos formatos LP, CD e digital (todos carimbados com o selo autoral da banda e com o da sua conterrânea Vista Lagarto Records), este quarto álbum dos astronautas espanhóis Sageness (trio domiciliado no pequeno municÃpio nortenho de Santa MarÃa del Paramo, León) traz-nos a incansável, hipnótica, robótica e inquebrável dança gravitacional entre dois massivos corpos celestes: um deslumbrante, colorido, caleidoscópico e fascinante Psychedelic Rock de apimentados condimentos orientais e um lisérgico, reflexivo, imersivo e cinematográfico Space Rock forjado pelos astros, embrulhados, viajados e capitaneados por intuitivas, ácidas, alucinógenas e evolutivas jams de essência instrumental com vista desabrigada para a eterna noite astral onde pulsam estrelas grávidas de uma luzência pálida, cintilam distantes e solitários planetas, rasgam fantasmagóricos cometas de cauda longa, flutuam levemente multicoloridas nebulosas e vagueiam pesadamente asteroides. A sua sonoridade provocante, dançante, tóxica e viajante – que toca os universos sonoros de bandas como Colour Haze, Sungrazer, Naxatras, Rotor, My Sleeping Karma, Monkey3 e Somali Yacht Club – inebria e extasia o ouvinte, levitando-o e embalando-o pela desdobrável vertigem sideral, e desaguando-o num nirvânico estado mental. Sedutor, relaxante, libertador e narcotizante, ‘Inner Empires’ encerra um paraÃso onde o nosso espÃrito se aquieta, embevece, enternece e deleita do primeiro ao derradeiro tema. São 42 minutos de intenso e ininterrupto encantamento que nos faz deambular, de olhos vendados e sonâmbulos, pelas até então insondáveis regiões extraterrestres. Uma curativa massagem cerebral e a tão almejada consagração espiritual. Na composição deste milagroso sacramento, capaz de nos catapultar para dentro da garganta sem fundo de um esfomeado buraco negro e derramar a consciência pela incomensurável vacuidade do Cosmos bocejante, dialogam uma guitarra sultana de apetitosos, ardentes, atraentes e libidinosos riffs chamejados a abrasiva distorção de onde esvoaçam e se entrelaçam luminosos, coloridos, salgados e venenosos solos de extravagante caligrafia árabe, um baixo obeso de linhas viçosas, sombreadas, carregadas e fibrosas, e uma excitante bateria de ritmos picantes, bailantes, inflamados e enfeitiçantes. Atordoante, catártico, xamânico e viciante, este quarto trabalho de longa duração do tridente espanhol faz do comum mortal uma presa demasiado fácil. ‘Inner Empires’ é mais um glorioso capÃtulo da fantástica odisseia de Sageness à conquista do Universo.
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