terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cinema de Outubro

Young Mr. Lincoln (1939) de John Ford
The Woman in the Window (1944) de Fritz Lang
The Stranger (1946) de Orson Welles
The Naked City (1948) de Jules Dassin
I Am Curious Yellow (1967) de Vilgot Sjoman
Viy (1967) de Georgi Kropachyov e Konstantin Yershov
Solaris (1972) de Andrey Tarkovskiy
The Breakfast Club (1985) de John Hughes
Ferris Bueller’s Day Off (1986) de John Hughes
Blue Velvet (1986) de David Lynch
Trees Lounge (1996) de Steve Buscemi
Until The Light Take Us (2008) de Aaron Aites e Audrey Ewell
The Cabin in the Woods (2011) de Drew Goddard
On the Road (2012) de Walter Salles

Tony McPhee @ The Groundhogs


Tão simples quanto isto...


what a groOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOove!!


ELDER


Quando ouvi Elder pela primeira vez (algures em 2011), não suspeitei sequer que, um ano mais tarde, seria uma das minhas bandas favoritas. É uma das poucas bandas que preserva a sua posição no mais íngreme ponto da minha eleição musical. Esta banda natural de Massachusetts (EUA) é uma perfeita descarga do melhor que os três instrumentos (baixo, guitarra e bateria) conseguem fazer. Afirmo, sem gaguejar, que Elder é a banda que, presentemente, mais me abala emocionalmente. Temas como “Riddle of Steel Pt.1”, “Dead Roots Stirring” e “Gemini” são das melhores músicas que ouvi em toda a minha vida. Verdadeiras obras de arte. Elder é o mais bem-parecido filho que o Doom e o Stoner conceberam. O trabalho do guitarrista (Avé, Nick DiSalvo) é simplesmente colossal. A sua guitarra manifesta-se de forma indomável, soltando milhões de gemidos que se estendem ao longo do riff. É verdadeiramente arrebatador e delirante. Não existem, sequer, movimentos de cabeça que consigam acompanhar (de forma justa e desejada) todo este serpentear supersónico que a guitarra de Nick DiSalvo descreve. O baixo de Jack Donovan é do mais deslumbrante possível. Uma autêntica e estonteante cavalgada que deixa o ouvinte completamente assombrado pelas musculadas oscilações que descarrega na atmosfera. Resta-me falar do, não menos relevante, baterista (Matt Couto) e da sua capacidade em pautar toda esta dança alucinante e imprevisível da guitarra e do baixo. Matt Couto é o travão e o acelerador do efeito que toda esta morfina sonora preserva na alma do ouvinte. A imponente voz do Nick ecoa entre os escombros deixados pela radiação instrumental. Esqueçam aquela sensação frustrante de estarem a ouvir uma passagem deliciosa e esta não ser repetida ao longo da música. Elder é o prolongar do melhor que a música nos pode oferecer.

Tive, recentemente, o prazer de conversar com o Nick DiSalvo, e este falou-me do desejo em tocar em solo Europeu (vão ao Roadburn em 2013). Assegurou-me, ainda, que pretendem tocar em Portugal e Espanha num futuro bastante próximo. Assim espero.    

domingo, 28 de outubro de 2012

Não existem solos difíceis para o Amor germinar!


Da década mais elegante do cinema, Casablanca (1942)

"Of all the gin joints, in all the towns, in all the world, she walks into mine." - Rick Blaine

Bombino, o Jimi Hendrix (também) da cidade.


Já os ponteiros do relógio se arrastavam para as 22:30 quando chegámos às imediações do clube africano B’leza. Ainda não se ouvia a gritante guitarra do Bombino, e isso acalmou a nossa urgência em entrar e ancorar os nossos corpos em frente ao altar tuaregues. Tempo ainda para beber mais uma cerveja relaxada no balcão e, de seguida, romper plateia adentro (enquanto Bombino ainda apoiava a guitarra acústica no seu ombro). Bombino brindou os presentes com uma pequena sessão acústica que serviu de introdução ao que verdadeiramente se avizinhava. A longa vidraça do clube dava acesso às calmas águas do rio Tejo, ao resplandecente Cristo Rei enraizado na margem sul e à imponente ponte 25 de abril. Cá dentro, Bombino dedilhava suaves e viajantes brisas que perfumam as areias do deserto africano. Mas não demorou em empunhar a guitarra eléctrica e dar inicio ao que seria uma jam verdadeiramente encantadora que contagiara tudo e todos. Era impossível não dançar. O poder do riff a isso nos obrigava. Bombino apresenta um desert blues demasiado entusiástico para que consigamos deter os movimentos, quase que instintivos, do nosso corpo. E dançar é a reacção mais espontânea. Toda a banda batia energicamente o pé no soalho do palco. O baterista, de Tagelmust (véu índigo) abraçado ao rosto, aumentava as palpitações cardíacas da ambiência sonora. O baixista, sempre sorridente para com o público, teve uma performance monstruosa nas asas de um baixo que só conhecia ritmos altamente viajantes. O guitarrista rítmico, que se ocupava da sombra de Bombino, disferia convictos golpes em contra tempo nas cordas da sua guitarra. E todos estes ingredientes em comunhão resultaram num Bombino repleto de espasmos emocionais e de uma plateia em perfeito delírio. A guitarra de Bombino liderava toda aquela verdadeira orgia musical. Entre infinitos gemidos, os seus solos gritantes extasiavam toda a plateia. Todos sorriam de olhos fechados, enquanto baloiçavam as cabeças. Todo aquele momento fazia jus ao nome do clube que acolhera esta poeirenta banda da região de Agadez. Foi um momento épico, ao qual nem alguns amigos da banda resistiram em subir ao placo e fazer tudo o que aquela sonoridade os obrigara a fazer. O público sorria entre si. Naquele momento, nenhum de nós desejaria estar em algum outro local do universo. Bombino é chamado de Jimi Hendrix do deserto e, não só esse nome lhe assenta (muito) bem, como até o prorrogaria a “Jimi Hendrix do deserto e da cidade”. Todos nós ficamos mais ricos depois da inesquecível noite de 27 de Outubro.            

sábado, 27 de outubro de 2012

Se tudo correr como previsto... Freak Valley Festival 2013

A nova edição do festival de Heavy-Stoner-Psych-Blues contará com a extensão de mais um dia (30 de Maio) e apresenta já esta deliciosa ementa:

Orange Goblin
Uncle Acid & The Deadbeats
Causa Sui
The Machine
Asteroid
[Fuck Yeah]
Nightstalker
Orange Sunshine
Ape Machine
Stoned Jesus
The Muggs
Abrahma
The :Egocentrics
Pet The Preacher
Pyramidal
Katla
Banda De La Muerte
Radar Men From The Moon


(mais confirmações em breve - inclusive a minha)


Até já, Bombino!


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Salmo do Ser, do Sentir, do Viver


Sent a man to mars today
At least that's what the marsian say

Did you get your ticket to the show

And all the rocks are red but at least they roar

Spaceman finds himself a cold bib

You know it's been a strange trip

Excuse me brother if it's not too much to ask
Could you show, Show me where he could find some tit

Clear across town, I heard about a place

Where you can take all you want, could fit it on your plate

And that must been a small price to pay

But I can't imagine your life, another way

You didn't ask for this but it is all you've got
Let the good times roll babe
, ready or not
And I don't think there for I, I am man

And why is this the hardest thing in the world for you to understand

Girls and boys back home they made us up
And when we raise in the morning is cause we hear the call

Piccadillys Circus and popping mothers pills

And all those cheep blues 45s giving all the brick Americanos thrills

What do you call when all is brining you down

We stare at the record covers and dreaming about getting our asses out of town

The more you ignore the feeling the more it pulls you in

The harder you try to do right, the easier it is to understand sin


I didn't ask for this but it is all you got

Let the good times roll babe, ready or not

And I don't think there for I, I am a man

Why is this the hardest thing in the world for you to understand

You didn't ask for this, but it is all you've got
Let the good times roll babe, ready or not

And I don't think there for I,I am a man

Why is this the hardest thing in the world for you to understand

Why is this the hardest thing in the world for you to understand

For you to understand

For you to understand

For you to understand



Brant Bjork - Born to Rock

O regresso às ruas de Baltimore (The Wire, 4ª Temporada)


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Desabafos que também são os meus...

Minha bela e esquiva Elena: eis-me de novo em Paris por causa de ti. Não fui capaz de te esquecer. Tentei. Mas ao entregares-te inteiramente a mim ficaste senhora do meu ser. Queres ver-me? Não estás arrependida? Não acabaste com tudo para sempre? Bem o merecia, mas não faças isso, ias matar um amor profundo, maior ainda pelo muito que tentei combate-lo. Estou em Paris…

Anais Nin em "Delta de Vénus"

Ingrid Thulin, uma das musas de Ingmar Bergman


Le Mépris 1963, Jean-Luc Godard


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Kadavar confirmados no Sonic Blast 2013 (e eu também)


On the Road (2012) de Walter Salles

No verão de 2010 terminava de ler um dos livros da minha vida. “On the Road” de Jack Kerouac mudava a minha vida e a forma como a passaria a viver desde então. Nunca um diário me cativara tanto como “On the Road”, escrito em plena viagem pela descoberta de um ideal (que poderia levar Kerouac à salvação ou à perdição), cativou. Mas, como ele dizia, a estrada é a vida. Algures em 2011 soube que a adaptação desta obra literária para cinema estava na estrada. Fiquei completamente extasiado por poder ver todas aquelas palavras ganharem vida e forma. Mas conhecia também o risco de me desiludir, uma vez que “On the Road” pesava toneladas na minha consideração. A expectativa era enorme, do tamanho da admiração pela obra, e ontem, 21 de Outubro, pude – finalmente – ver o filme. Num equilíbrio pela ténue corda da incerteza, acabei por pender para o lado da decepção. Walter Saller (realizador) teve a coragem de estrear “On the Road” em cinema, e aplaudo-o apenas por isso. A mística que sobrevoou todo o livro não existe em filme, e até arrisco dizer, que grande parte dos espectadores que viram o filme e ainda não leram o livro, vão deixá-lo intacto nas bancas. Walter Salles tinha um argumento de excelência nas suas mãos, mas foi incapaz de lhe prestar um contributo justo. É um filme fraco, baseado num livro que tem a capacidade de conduzir vidas (como a minha).

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cowboys, Prostitutas e Lap Dance's

Venham daí os copos vazios porque o “The taking of Blackheart” dos americanos Five Horse Johnson acaba de passar pelo balcão. Depois de uma ressaca de seis anos em que a banda natural de Toledo (Ohio, EUA) não lançou um único álbum, entra agora em pleno saloon de esporas abraçadas às texanas e olhar à Clint Eastwood. O novo disco destes cowboys de coldre desapertado é uma verdadeira descarga de Blues à maneira setentista. Neste novo álbum, a robustez dos riffs está mais consistente que nunca. É um disco onde até os mais recatados batem o pé e estalam os dedos. Temos aqui um requintado exemplo da consequente mistura de Blues, Hard Rock e Stoner Rock. Bem-vindos a este bar do Texas onde só passa Five Horse Johnson na juke box, e as senhoras se serpenteiam sensualmente sob o olhar atento de camionistas e motards de cerveja empunhada. Enrijeçam as gargantas porque “The taking of Blackheart” é um trago forte (mas doce).