segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

🎧 Partícula - 'El pasado no ha servido para nada' (2017)

🎧 Red Bowling Ball - 'Alongside the Traveller' (2017)

Salem's Pot

Review: ⚡ Aminoácido - 'Meticuloso' (2017) ⚡

Da cidade brasileira de Londrina chega uma das grandes surpresas musicais de 2017. ‘Meticuloso’ é o álbum de estreia da jovem banda Aminoácido e vem saturado de uma delirante e extravagante combinação de géneros musicais onde se destacam os paladares de um airoso e jovial Psych Rock, um requintado e arrebatador Blues, um garrido e entusiástico Funk e ainda um formoso e harmonioso Jazz. Todos estes ingredientes sonoros são condimentados pelo experimentalismo instrumental aliado a uma estimulante condução Progressiva que nos mantém de atenção ancorada a todos os temas que corporizam este simpático, envolvente e sensual ‘Meticuloso’. São 40 minutos governados por uma atmosfera radiosa e encantadora que nos bronzeia e massaja a alma. É humanamente impossível comungar este álbum sem que o mesmo absorva, contagie e obrigue o ouvinte a dançá-lo detidamente do primeiro ao último tema. A composição musical que lubrifica cada um dos temas é verdadeiramente prodigiosa, conjugando na perfeição a morfínica e extasiante placidez com o excitante, hipnótico e mirabolante alvoroço. Uma perfeita ode simbiótica narrada a uma só voz pelos instrumentos que brilhantemente tricotam esta excecional passeata pelos cheirosos jardins de Aminoácido. Endoideçam ao provocante som de duas guitarras eróticas que se cortejam num deslumbrante bailado de onde desprendem labirínticos e serpenteantes riffs e vertiginosos, tortuosos e alucinantes solos, um baixo funky de linhas oscilantes, corpulentas e dançantes, uma voz suave, deleitosa e afável que empresta ao álbum uma perfumada ambiência de Bossa Nova, e uma bateria acrobática de subtil, inventiva e habilidosa orientação rítmica que galopeia todo este impressionante desfile carnavalesco. Dissolvam-se na atraente excentricidade de ‘Meticuloso’ e vivenciem um dos mais primorosos discos lançados até ao momento em território de 2017.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Review: ⚡ Dazed Sun Lemonade - 'I Never Thought i'll be a Junkie' (2017) ⚡

Da cidade fronteiriça de Tijuana (México) chega-nos ‘I Never Thought i’ll be a Junkie’, o novo álbum do quarteto Dazed Sun Lemonade. Embebido numa sonoridade verdadeiramente alucinógena de onde sobressaem um lisérgico, envolvente e introspectivo Heavy Psych, um anestésico, hipnótico e contemplativo Krautrock e um vibrante, exótico e dançante Zamrock, este disco tem a capacidade de mumificar e narcotizar o que de mais vivo e lúcido em nós habita. A nossa alma entorpecida é cativada e magnetizada de encontro à poderosa gravidade emanada pelo deslumbrante ‘I Never thought i’ll be a Junkie’, provocando em nós uma imortal sensação de êxtase que nos amortalha do primeiro ao derradeiro tema. Recostem-se confortavelmente, cerrem as pálpebras e mergulhem neste profundo oceano de mescalina sonora ao ébrio som de duas guitarras letárgicas que se amontoam em vigorosos, compactos e intoxicantes riffs e se desvairam em fascinantes, arrebatadores e alucinantes solos, um baixo corpulento, reverberante e torneado que se balanceia relaxadamente, uma bateria provocante de acrobacias inventivas e dinâmicas, e uma voz crua, ríspida e apática que contrasta na perfeição com toda a atmosfera inebriante de ‘I Never thought i’ll be a Junkie’. Este é um álbum de natureza enteogénica que nos convida a vivenciar uma das mais espantosas, extravagantes e celestiais digressões oníricas de Aldous Huxley. Absorvam a vossa lucidez na psicotrópica alma de Dazed Sun Lemonade, comunguem a doce hipnose, e levitem rumo à sagrada ataraxia.

Blues Pills @ Hammer Of Doom Festival (2013)

Saguaro!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Savanah - 'The Healer' (2017)

Electric Moon - 'Stardust Rituals' (2017)

ISIS - '02.25.10' (2017) via Ipecac Recordings

ॐ My Sleeping Karma - 'Mela Ananda - Live' (2017)

Stream

✨Mad Alchemy apresenta The Myrrors!

Review: ⚡ Space Debris ‎- 'Behind the Gate' ⚡ (2017)

Space Debris são hoje uma das mais relevantes e incontornáveis bandas de Krautrock contemporâneo. Do alto das suas duas férteis décadas de existência, esta banda alemã acaba de lançar aquele que – a par do seu álbum de estreia ‘Krautrock-Sessions 1994-2001’ lançado em 2002 (review aqui) – representa o meu registo favorito deste carismático quarteto sediado na cidade de Mannheim. Com claras influências a resvalar nos hipnóticos e místicos domínios de Amon Düül e Can ao virtuosismo delirante de Santana, The Allman Brothers e Deep Purple, o recém-lançado ‘Behind the Gate’ (pela mão do selo germânico Green-Brain nos formatos físicos de CD e vinil) aprisiona um envolvente e astral Krautrock de mãos dadas com um majestoso e encantador Prog Rock e ainda com um elegante, primoroso e deslumbrante Psych Rock. Esta longa, sublime e inesquecível odisseia espacial passeia-nos a consciência narcotizada pelas aveludadas e etéreas brisas estelares. Uma sedutora jornada que nos anestesia e extasia com plena exuberância. Sintam-se transcender à boleia de uma guitarra sumptuosa de épicos e ostentosos riffs que se metamorfoseiam em mirabolantes, vertiginosos e extravagantes solos, um baixo marcante de murmúrios pulsantes, robustos e bailantes, um agradável teclado de charmosas e apaixonantes danças e coros celestiais, e uma bateria jazzística que tiquetaqueia de forma requintada, vistosa e empolgante toda esta altiva digressão pela infinidade espacial. ‘Behind the Gate’ é um fantástico mergulho num distensível oásis espiritual que nos conduz tão para lá das portas da percepção. Sintam-se amortalhados numa intensa e esplendorosa ataraxia difundida pela espantosa sonoridade de Space Debris, bronzeiem-se na sua ébria radiação, e vivenciem um dos mais enlevados álbuns de 2017.

🌩 Cloud Catcher

Duel | Desertfest Belgium (2016)

Harsh Toke & Brian Ellis

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

✝ Electric Wizard - Black Masses ✝

The Sonic Dawn – "As of Lately" (2017)

Elder - 'Reflections of a Floating World' (Teaser)


via Stickman Records (Europa) e Armageddon Label (USA)

Review: ⚡ Universal Hippies ‎- 'Dead Hippies Revolution' ⚡ (2017)

Da Grécia chegam-nos as perfumadas, agradáveis e tonificantes brisas mediterrânicas de ‘Dead Hippies Revolution’, o álbum de estreia da jovem banda Universal Hippies. Lançado no passado dia 18 de Fevereiro em formato digital através do seu Bandcamp oficial, este álbum sustenta um afável, polido e harmonioso Psych Rock em empolgante consonância com um cativante, requintado e primoroso Hard Rock fielmente resgatado aos carismáticos e dourados anos 70. A sua sonoridade extraordinariamente encantadora e rutilante tem o dom de nos manter seus reféns, provocando em nós uma perfeita e imbatível sensação de bem-estar que nos acaricia e enleva ao longo dos 40 minutos que integram este esplendoroso álbum. Deixem-se seduzir e entusiasmar pelos formosos, lascivos e hipnóticos bailados de duas guitarras que transpiram voluptuosos, mélicos e deleitosos acordes e se avivam e inflamam em vibrantes, desvairados e afrodisíacos solos que nos estremecem de redentora euforia. Cerrem as pálpebras e pendulem a cabeça ao estimulante som de um baixo desmesuradamente fascinante e majestoso que se manifesta marcadamente em linhas pulsantes, vigorosas e magnéticas, e experienciem toda uma comoção de adrenalina amplificar-se pelos desdobráveis domínios da vossa alma à eletrizante boleia de uma bateria superiormente conduzida a destreza e sentimento. ‘Dead Hippies Revolution’ é um álbum incrivelmente charmoso, envolvente e sublime que me conquistara à primeira audição. Banhem-se nesta intensa resplandecência de exultação em estado musical e percorram a área mítica e boémia de Haight-Ashbury (San Francisco, CA) no final dos 60’s. Todos os encargos desta viagem regressiva na linha temporal ficam à inteira responsabilidade de Universal Hippies. Este é um álbum capaz de agradar a gregos e a troianos.

Links:
Bandcamp

In Transition - Sam Beckett

Lemmy Kilmister | Motörhead

© Neil Zlozower

Arizona Highways | Nov.1973

Pilot the Dune

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Review: ⚡ Spaceslug ‎- 'Time Travel Dilemma' ⚡ (2017)

No início de 2016 elogiei o álbum de estreia do power-trio polaco Spaceslug (review aqui), e hoje - motivado pelo lançamento do seu segundo álbum – sinto-me forçado a repetir o enaltecimento a esta banda enraizada na cidade de Wrocław. Lançado hoje mesmo nos formatos de digital e CD, ‘Time Travel Dilemma’ representa a tão aguardada sequela da fascinante e envolvente odisseia principiada em ‘Lemanis’, que nos arremessa a consciência aos mais longínquos, sombrios e recônditos lugares do Cosmos bocejante. O seu intenso, possante e corrosivo Psych Doom – temperado e domesticado pelas lisérgicas, tranquilizantes e absorventes poeiras estelares do Space Rock – provoca em nós uma poderosa e resistente sensação de entorpecimento que nos amortalha do primeiro ao derradeiro tema de ‘Time Travel Dilemma’. São 44 minutos vividos numa constante e fumarenta ressonância psicotrópica que nos afaga, hipnotiza e deslumbra com tremenda vivacidade. Deixem-se seduzir ao xamânico som de uma guitarra liderante que se manifesta tanto em enérgicos, tirânicos, montanhosos e torneados riffs que se agigantam e em nós colidem com impetuosidade, como em inebriantes, contemplativos e enternecedores solos capazes de nos atestar de um absoluto êxtase. Oscilem os vossos corpos inanimados na instintiva resposta à reverberante, robusta e torneada ondulação de um baixo tirânico e sublime. Exaltem-se com a redentora explosividade disparada por uma bateria entregue a uma veemente e provocante cavalgada que nos esporeia e euforiza, perfumem-se no brumoso encantamento de um sintetizador que ausculta as estrelas, e adormeçam ao som da voz espectral que ecoa ao longo da narcotizante atmosfera de Spaceslug. De destacar ainda a carismática presença vocal de Sander Haagmans (baixista de Sungrazer) no tema de encerramento, e o fantástico artwork da autoria do talentoso ilustrador polaco Maciej Kamuda. Este é um álbum que nos catapulta de encontro aos mais gélidos e solitários astros da infinidade espacial. Entrem em órbita de ‘Time Travel Dilemma’ e testemunhem uma das mais estéticas correspondências entre a opulência, delicadeza e ritmicidade.

MaidaVale | European Tour 2017

The Sonic Dawn – Into the Long Night (making of the album)


🐍 Jesus the Snake (live)

Dead Meadow - "Indian Bones" (live)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Review: ⚡ Willow Child ‎- 'Trip Down Memory Lane' EP ⚡ (2017)

Da cidade de Erlangen (Baviera, Alemanha) chega-nos o paradisíaco EP de estreia do quarteto germânico Willow Child. Lançado oficialmente no passado dia 10 de fevereiro nos formatos de digital e CD, ‘Trip Down Memory Lane’ vem embebido num elegante, voluptuoso e entusiástico Heavy Blues de carisma setentista em perfeita comunhão com um delirante, resplendoroso e hipnotizante Psych Rock. A sua ambiência absolutamente extravagante, lasciva e encantadora faz deste EP um registo verdadeiramente apaixonante que nos afaga e namora do primeiro ao último tema. Embriaguem-se de prazer ao deslumbrante som de uma guitarra luxuriosa que se envaidece em etéreos e tonificantes acordes e se desdobra em espantosos e comoventes solos, um baixo pulsante e mordaz – de soberbas e serpenteantes linhas – que vistosamente se enleva e galanteia, um exuberante e magnetizante órgão conduzido a formosos, mirabolantes e irresistíveis bailados, uma bateria arrebatadora e calorosa que tiquetaqueia toda esta atmosfera faustosa com desarmante sensibilidade e destreza, e ainda uma opulenta, torneada e oleada voz que capitaneia com superioridade todo este envolvente, esplêndido e requintado cortejo de exultação em estado musical. A autoria do primoroso artwork pertence à inconfundível artista australiana Harley and J. São 27 minutos nutridos e governados por um radioso e persistente bem-estar que nos abraça, bronzeia e contagia sem qualquer inibição. Emprestem-se a este primoroso e provocante ‘Trip Down Memory Lane’ – que tão bem concilia a irreverência com a cortesia – e deixem-se inebriar pelo seu inatacável poder de sedução.

Bury me an Angel (1972)

Laura Dolan | Electric Citizen

sábado, 11 de fevereiro de 2017

🐪 Tinariwen - 'Elwan' (2017)

Review: ⚡ Dead Witches ‎- 'Ouija' ⚡ (2017)

Está oficialmente lançado o assombroso álbum de estreia da recém-formada banda Dead Witches. Promovido pelo cada vez mais influente selo romano Heavy Psych Sounds Records nos formatos físicos de CD e vinil, ‘Ouija’ encerra um possante, arrastado e luciférico Psych Doom de aura tirânica e inquisidora que nos profana e enluta a alma. A sua sonoridade verdadeiramente intrigante e demoníaca convida-nos a comungar todo um ritual oculto que nos hipnotiza e seduz ao longo dos 32 minutos desta funesta e diabólica celebração. Deixem-se dominar pela nefasta e sinistra radiação de uma guitarra despótica e ostensiva que se agiganta e nos intimida com os seus poderosos, erosivos e monolíticos riffs e majestosos, opulentos e arrebatadores solos que nos serpenteiam e intoxicam. Sacudam-se veementemente ao entusiasmante e redentor som de uma bateria polvorosa que galopeia com soberania e elevação toda a densa, brumosa e amaldiçoada atmosfera de ‘Ouija’. Pendulem detidamente os vossos corpos inanimados ao sabor dos reverberantes, dançantes e carregados bafos de um baixo vociferante, sombrio e vagaroso que escolta de forma incessante e irrepreensível o fascinante esoterismo de Dead Witches. Convertam-se em cegos e devotos peregrinos liderados pela voz temulenta, enigmática e pagã que sobrevoa com distinção toda a ambiência herética de ‘Ouija’. Confesso que este era um dos álbuns mais aguardados de 2017 e que acabou por superar as minhas mais altas e exigentes expectativas. Entreguem as rédeas da vossa espiritualidade a esta obscura liturgia e deixem-se governar pelo lado eclipsado da religiosidade. Um dos discos mais imponentes do ano está aqui, na soturna e maléfica alma de ‘Ouija’.

Links:

Ridin' Los Natas!

Causa Sui - "Tropic of Capricorn" (Live in Copenhagen)

Willow Child - "Little Owl" (live)

Stoned & Dusted

Review: ⚡ Kungens Män ‎- 'Bränna Tid' ⚡ (2017)

Da capital sueca chega-nos o novo álbum do produtivo quinteto Kungens Män chamado de ‘Bränna Tid’. Lançado oficialmente no passado dia 6 de fevereiro – ultra limitado a uma rara edição física em formato de CD pela mão do selo discográfico inglês Auricle – este admirável disco traz-nos a relaxante, inebriante e envolvente infusão baseada no meditativo Krautrock, o delirante Psych Rock e o celestial Space Rock em estimulante e prazerosa consonância. O ouvinte é mergulhado num profundo, intenso e agradável estado de hipnose que o afaga e detém do primeiro ao derradeiro tema. A atmosfera desmesuradamente fascinante, contemplativa, morfínica e sonhadora de ‘Bränna Tid’, faz dele um álbum tremendamente sublime, etéreo e sedutor que nos adorna e embalsama numa mélica e extasiante inércia. São 40 minutos vividos em constante absorvência. Dissolvam-se na encantadora lubricidade emanada pelas guitarras que se envaidecem em delicados, lisérgicos, aveludados e etéreos acordes e se inflamam em serpenteantes, abrasivos e excitantes solos, na bailante, pausada e reverberante ondulação de um baixo detidamente entregue a danças eróticas, xamânicas e magnetizantes, e uma bateria de deliciosas acrobacias jazzísticas – conduzida de forma inventiva, sensível e arrebatadora – que condimenta toda esta deslumbrante expedição espiritual pelos longos e sedativos desertos da alma. São estes os elementos essenciais que fazem de ‘Bränna Tid’ um poderoso alucinógeno capaz de nos escoar a lucidez e transcender aos paradisíacos céus do (in)tangível transe. Percam-se e encontrem-se no sagrado misticismo de Kungens Män e testemunhem toda uma anestésica e imperturbável serenidade da mente. Um dos discos mais hipnotizantes de 2017 está aqui, na esplendorosa e narcotizante essência de ‘Bränna Tid’. Comunguem-no e reverenciem-no.