sexta-feira, 5 de julho de 2019

Review: ⚡ Sacri Monti - 'Waiting Room for the Magic Hour' (2019) ⚡

Depois de em 2015 se terem estreado com o magnífico álbum homónimo (devidamente dissertado e reverenciado aqui), o quinteto californiano Sacri Monti – sediado na cidade costeira de Encinitas, San Diego – lança hoje mesmo o seu segundo trabalho de longa duração, intitulado de ‘Waiting Room for the Magic Hour’ e promovido pela mão da insuspeita e carismática editora discográfica nova-iorquina Tee Pee Records (um dos selos mais importantes na valorização e difusão da comumente apelidada San Diego Scene de onde sobressaem referências como Earthless, Radio Moscow, Astra, Monarch, Joy, Harsh Toke, Volcano, Pharlee e os próprios Sacri Monti) sob a forma física de CD e vinil. Adubada pela frescura oceânica do Pacífico e ensolarada por toda uma ofuscante atmosfera de tintura veraneia, a exótica sonoridade de complexidade orquestral que este ‘Waiting Room for the Magic Hour’ sustenta e ostenta, conta com um fascinante sortido musical de onde facilmente se reconhece e apalada um extasiante, místico, onírico e inebriante Psyh Rock de agradável orientação Pink Floyd’eana em coligação com um majestoso, intrigante, apaixonante e melodioso Heavy Prog de alento revivalista e ainda um envolvente, sublimado e eloquente Space Rock de clara propensão sideral que nos empoeira e sulfata a alma com uma etérea poeira estelar. De olhar arregalado e pasmado, ouvidos salivantes e dilatados, e sentidos despertos e aguçados, somos hipnotizados e maravilhados por toda uma carnavalesca profusão instrumental de dominadas e organizadas estruturas caóticas e uma vibrante, colorida e berrante vivacidade que nos mantém lúcidos e ancorados ao longo deste fabuloso sonho acordado. Numa bem resultada alternância entre destravadas, alucinantes, extravagantes e ácidas galopadas à boa moda de Sacri Monti, e afáveis, mélicas, contemplativas e adoráveis baladas que nos remetem para o enternecedor Folk dedilhado e entoado nos saudosos anos 60, somos canalizados e desaguados nas praias da ataraxia onde nos banhamos e deleitamos do primeiro ao derradeiro tema. Deixem-se seduzir e estontear ao conjugado som entre duas guitarras miríficas que se atam na desarmante condução de riffs sumptuosos, simétricos, aristocráticos e volutuosos, e desatam na sónica explosão de vaidosos, desvairados, desassossegados e espalhafatosos solos em contramão, balancear ao sabor da reverberante ondulação bafejada por um dominante baixo de linhas volumosas, fluídas, torneadas e viçosas, empolgar à instigante boleia de uma talentosa bateria locomovida e esporeada a criativas e despachadas acrobacias circenses, embriagar num maravilhoso teclado de bailados aromatizados a uma mágica e requintada sensibilidade, e espevitar com a voz destemperada, áspera, felina e avinagrada que vem à tona das cavas profundezas de todo este vistoso rebuliço instrumental para se evidenciar na estratosfera de ‘Wainting Room for the Magic Hour’. Este é um álbum verdadeiramente pitoresco que me suspirar de impaciência por poder experienciá-lo ao vivo na próxima edição do festival SonicBlast Moledo. A banda-sonora perfeita para este verão está aqui, na renovada e caprichada obra do colectivo Sacri Monti. Bronzeiem-se e absorvam-se na sua diluviana resplandecência.

Links:
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 SoundCloud
 Tee Pee Records

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