terça-feira, 19 de julho de 2022

Review: 🥚 Birth - 'Born' (2022) 🥚

★★★★

Depois de em 2019 ter nascido o homónimo EP de estreia (aqui louvado e seguidamente aqui galardoado com o título de melhor registo de curta duração desse mesmo ano), floresce agora o muitíssimo aguardado primeiro álbum desta talentosa banda californiana – com residência na cidade costeira de San Diego – que alberga conceituadíssimos músicos trazidos de influentes bandas como Astra, Psicomagia e Sacri Monti. Lançado sob a alçada da companhia discográfica londrina Bad Omen Records através dos formatos LP, CD e digital, ‘Born’ vem povoado pela regravação dos três temas originalmente publicados no EP de estreia e outros novos três temas nunca antes desembrulhados. De influências apontadas a históricas referências dos universos Progressivos italiano e britânico que ornamentaram a dourada década de 1970 – como Premiata Forneria Marconi, Le Orme, Banco del Mutuo Soccorso, Osanna, Reale Accademia di Musica, Pink Floyd, Camel, King Crimson, YES e Emerson, Lake & Palmer –, este impressionante primeiro trabalho de longa duração do quarteto é superiormente navegado por um imaginativo, cerebral, imperial e expressivo Progressive Rock de colorida efervescência de textura psicadélica e apurada acuidade jazzística que tanto se espreguiça em arejadas, melancólicas, anestésicas e desanuviadas passagens de etéreo misticismo fabular, como se agita e gravita em estonteantes, dramáticos, enfáticos e vibrantes rebuliços instrumentais de desarmante beleza cinematográfica. De olhar deslumbrado e cravado nos longínquos viveiros estelares que deflagram o acetinado negrume cósmico, somos levitados numa gratificante, maravilhosa, fantasiosa e purificante odisseia de consagração sensorial e validade intemporal. Matematizado por audaciosas composições de majestosos arranjos, ‘Born’ é remexido numa dialogante sinergia sublimemente lavrada por uma guitarra endeusada de pomposos, cheirosos e encaracolados Riffs de onde esvoaçam solos trepidantes, alucinantes e invertebrados, um baixo vagueante de linhas baloiçantes, fluídas e enleantes, uma desembaraçada bateria cuidadosamente tiquetaqueada a acrobática precisão e flamejante comoção, uma voz melosa, aveludada e melodiosa de luzência espectral, e ainda toda uma miraculosa profusão de teclados elegíacos que se hasteiam em comoventes coros angelicais e enfeitiçantes mugidos oníricos. A detalhada, elaborada e primorosa ilustração que confere rosto a esta obra-prima do Prog Rock contemporâneo pertence ao prendado artista norte-americano David D’Andrea. Este é um álbum cozinhado a cintilante docilidade e principesca sagacidade que preenchera e transbordara as minhas medidas. Um registo inteiramente arquitectado e executado à minha imagem. Um dos mais fortes candidatos à qualidade de álbum do ano está aqui, na poderosa, epopeica e esplendorosa magnificência de Birth. Ofusquem-se nele.

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