quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Review: 😈 Ball - 'Midnight Heat' (2023) 😈

★★★★

Conheci os suecos Ball quando em 2017 me deparei e pasmei com o homónimo álbum de estreia (review aqui). Três anos mais tarde entrei em combustão com a desabrigada exposição ao seu segundo trabalho ‘Like You Are… I Once Was… Like I Am - You Will Never Be’ (review aqui), e agora tudo em mim fervilha de euforia à extasiante boleia do irreverente vigor que o novíssimo ‘Midnight Heat’ transpira. Lançado pela companhia discográfica local Horny Records através dos formatos LP (limitado a uma colorida prensagem de 666 cópias existentes, distribuídas pela Subliminal Sounds) e digital, este terceiro álbum do anónimo e radical power-trio sediado na cidade-capital de Estocolmo vem abrasado por um picante, sensual, tropical e intoxicante Heavy Psych de alucinógena caleidoscopia, e endemoninhado por um musculoso, dançante, excitante e oleoso Hard Rock de epidémica energia. A sua sonoridade buliçosa, libertária, boémia e pecaminosa – de produção lo-fi, atitude imoral, apetrechada de swag e inspiração trazida da mítica cena Rock de Detroit que nas décadas de 1960 e 1970 deu colo ao incivil reinado de dominantes bandas locais como The Stooges, MC5, The Sonics e Flamin’ Groovies – pontapeia e incendeia o ouvinte, deixando-o cair na irresistível tentação de um exótico ritual carburado a calor afrodisíaco e condimentado a odor demoníaco. ‘Midnight Heat’ é uma delirante, febril, enlouquecedora e incessante centrifugação onde se passeiam e misturam explícitas imagens de revolução erótica com impúdicas orgias, a sagrada comunhão de LSD absorvido por línguas salivantes, e sangrentos episódios com requintes de malvadez perpetrados por violentos grupos de motards que – montados em barulhentas choppers de motores escaldantes e escapes fumegantes – semeiam o caos na estrada. Uma ode à perversão – de diabólica, sexy e selvática locomoção – superiormente doutrinada por depravados, azedados e bolorentos vocais de tecido urticante, rugoso e queimante, uma guitarra nociva, felina e lasciva – flamejada pela arenosa, suja e fogosa distorção – que se bamboleia em serpenteantes, esponjosos, libidinosos e viciantes riffs de onde gritam e rodopiam solos escorregadios, ácidos, efervescentes e fugidios, um baixo dançante, movediço e magnetizante de reverberação pulsante, gelatinosa e ondeante, uma bateria expressiva, estimulante e primitiva de ritmos quentes, coloridos e tribais, e um teclado arrepiante, dramático e intrigante que nos trava a respiração e empalidece o semblante. Este é um álbum tremendamente provocante que destrava o nosso lado mais rebelde, dissipa a mais microscópica réstia de inibição e nos solta no meio da rua. Um registo predatório que enterra os seus longos e afiados caninos na nossa jugular. Electrifiquem-se nesta intensa explosão de endorfinas e percam-se no calor da noite. Nunca o mal nos pareceu tão bem.

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