segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Review: 👽 SLIFT - 'ILION' (2024) 👽

★★★★

Volvidos quatro anos após o lançamento de ‘UMMON’ (aqui trazido e esmiuçado), o tridente francês SLIFT está de regresso com a ciclónica explosividade que lhe é característica. Intitulado ‘ILION’ e promovido pela histórica editora discográfica norte-americana Sub Pop através dos formatos LP, CD e digital, este terceiro álbum da banda enraizada na cidade francesa de Toulouse vem munido de um electrizante, catártico, bombástico e euforizante Heavy Psych de fervilhante irreverência a fazer lembrar os australianos King Gizzard & the Lizard Wizard, um viajante, vertiginoso, ventoso e enfeitiçante Space Rock de sónica propulsão Hawkwind’esca, e ainda um estimulante, esponjoso, serpenteante e oleoso Krautrock de pulsação Can’ica e NEU!’esca. Situada numa atmosfera alienígena, febril e atordoante, a imaginativa, exótica e expansiva sonoridade de ‘ILION’ ricocheteia entre trepidantes, eufóricas, selváticas e inflamantes cavalgadas – desdobradas à boa moda de Baroness e Kylesa – que nos rodopiam na alucinante vertigem de um delirante vórtice, e reflexivas, etéreas, oníricas e lenitivas passagens de condimentos Progressivos – de inspiração trazida dos clássicos britânicos YES e Genesis – que nos relaxam, confortam e adormecem. Vagueando em órbita destes dois mundos tão desiguais, entre o apocalipse e a salvação, o ouvinte tanto é varrido e engolido por uma excitante, tormentosa e vibrante comoção que o sobreaquece e endoidece, como é banhado por uma sidérica, introspectiva e anestésica serenidade que o embevece e anoitece. São 80 minutos de uma admirável, apreciável e gloriosa odisseia Stanley Kubrick’esca, pilotada por uma vulcânica guitarra de fortes rajadas psicotrópicas que se manifesta em riffs monolíticos, sufocantes, despóticos e dilacerantes, e solos luzidios, ácidos, insanos e fugidios, um baixo atlético de linhas pulsantes, tensas, densas e dominantes, uma bélica bateria metralhada a um ritmo enérgico, ofensivo, altivo e frenético, vocais ecoantes, tanto gritados com pujança infernal e urticante ardor, como robotizados num tom celestial, monocórdico e sacerdotal, e sintetizadores enigmáticos, melódicos e dramáticos, criadores de toda uma deslumbrante ambiência cinematográfica SCI-FI. ‘ILION’ é um álbum de contornos messiânicos que nos jornadeia através da impiedosa centrifugação de um raivoso furacão locomovido a quente euforia, como das mansas águas de um infindável oceano oxigenado a fresca letargia. A banda-sonora perfeita para emoldurar a queda da humanidade e o renascimento de todas as coisas no tempo e no espaço.

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