quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Review: 💀 Sex Magick Wizards - 'Death Grip' (2024) 💀

★★★★

Depois de um electrizante álbum de estreia designado ‘Eroto Comatose Lucidity’ (review aqui) e tomado pelas coloridas chamas do psicadelismo como se o Miles Davis (da era Bitches Brew) se envolvesse num mirabolante diálogo musical com Jimi Hendrix, e de um impactante segundo registo denominado ‘Your Bliss My Joy’ (review aqui) e compartimentado por composições labirínticas, sem porta de saída, onde o Jazz mais intrincado e rendilhado é rei, os meus queridos Sex Magick Wizards estão finalmente de regressado com o tão aguardado terceiro trabalho de longa duração, intitulado ‘Death Grip’ e recém-lançado pela sua conterrânea Nice Things Records através dos formatos LP, CD e digital. Neste seu novo álbum, o extravagante, talentoso e aparatoso quarteto norueguês – com domicílio na cidade-capital de Oslo – faz do Jazz (nas suas vertentes mais espirituais, irreverentes e cerebrais) e do Psychedelic Rock as suas estrelas orientadoras. Velejado ao sabor dos ventos de um hipnótico, exótico e espalhafatoso Avant-garde jazz, um efervescente, sónico e absorvente Jazz Fusion, um cerimonioso, transcendente e miraculoso Spiritual Jazz, e ainda de um enfeitiçante, caleidoscópico e fogoso Psychedelic Rock, este esquizofrénico, alucinógeno, carnavalesco e camaleónico ‘Death Grip’ baloiça entre a meditativa acalmia e a invasiva bizarria. Farolizado pela virginal luzência de uma presença divina que nos mergulha num profundo estádio de transe religioso, este caravânico álbum magicado por estes quatro druidas rompe as costuras das convencionais fronteiras musicais e dissipa-se pelos inexplorados territórios do infindável espaço alienígena. Uma obra imensamente esotérica, terapêutica e catártica que não obedece a regras. Um caos superiormente organizado e musicado por uma esdrúxula guitarra de angulosos, esfíngicos, bailantes e esponjosos riffs de onde debandam solos esguios, atordoantes, trepidantes e fugidios, um baixo montanhoso, elástico e umbroso de pele áspera e groove libidinoso, uma altiva, expressiva e bombástica bateria em polvorosa de explosiva pirotecnia e excessiva maestria, um gritante saxofone de sopros serpenteantes, ferozes e devaneantes, uma harmoniosa flauta de bafos sedosos, reflexivos e odorosos, e angelicais coros vocais de natureza messiânica que emprestam toda uma aura litúrgica a este multicolorido bacanal de instrumentos em debandada. A vistosa ilustração de feições ritualísticas foi concebida pelo artista Manuel Lambertz que combina na perfeição o universo visual com o universo musical. ‘Death Grip’ é um embriagante elixir de mirabolante frenesim – por vezes anestésico, outras vezes eufórico – que nos trava a respiração, fervilha o olhar e atesta de chamejante fascinação. Uma obra-prima de estirpe abstracta e erudita que só vem empolar e inflamar a já desmesurada paixão que nutro por estes monges nórdicos. Um dos mais fortes candidatos a álbum do ano está aqui, na efervescente, electrizante e afrodisíaca alquimia jazzística de Sex Magick Wizards onde o magnetismo, a sagacidade, a extravagância e o erotismo caminham de mãos dadas.

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