Depois de um electrizante
álbum de estreia designado ‘Eroto Comatose Lucidity’ (review
aqui) e tomado pelas coloridas chamas do psicadelismo como se o Miles Davis
(da era Bitches Brew) se envolvesse num mirabolante diálogo musical com Jimi
Hendrix, e de um impactante segundo registo denominado ‘Your Bliss My Joy’ (review
aqui) e compartimentado por composições labirÃnticas, sem porta de saÃda, onde
o Jazz mais intrincado e rendilhado é rei, os meus queridos Sex
Magick Wizards estão finalmente de regressado com o tão aguardado terceiro
trabalho de longa duração, intitulado ‘Death Grip’ e recém-lançado pela
sua conterrânea Nice Things Records através dos formatos LP, CD e digital.
Neste seu novo álbum, o extravagante, talentoso e aparatoso quarteto norueguês –
com domicÃlio na cidade-capital de Oslo – faz do Jazz (nas suas
vertentes mais espirituais, irreverentes e cerebrais) e do Psychedelic Rock
as suas estrelas orientadoras. Velejado ao sabor dos ventos de um hipnótico,
exótico e espalhafatoso Avant-garde jazz, um efervescente, sónico e
absorvente Jazz Fusion, um cerimonioso, transcendente e miraculoso Spiritual
Jazz, e ainda de um enfeitiçante, caleidoscópico e fogoso Psychedelic Rock,
este esquizofrénico, alucinógeno, carnavalesco e camaleónico ‘Death Grip’
baloiça entre a meditativa acalmia e a invasiva bizarria. Farolizado pela
virginal luzência de uma presença divina que nos mergulha num profundo estádio
de transe religioso, este caravânico álbum magicado por estes quatro druidas rompe
as costuras das convencionais fronteiras musicais e dissipa-se pelos inexplorados
territórios do infindável espaço alienÃgena. Uma obra imensamente esotérica, terapêutica e
catártica que não obedece a regras. Um caos superiormente organizado e musicado
por uma esdrúxula guitarra de angulosos, esfÃngicos, bailantes e esponjosos riffs
de onde debandam solos esguios, atordoantes, trepidantes e fugidios, um baixo montanhoso,
elástico e umbroso de pele áspera e groove libidinoso, uma altiva, expressiva
e bombástica bateria em polvorosa de explosiva pirotecnia e excessiva maestria,
um gritante saxofone de sopros serpenteantes, ferozes e devaneantes, uma harmoniosa
flauta de bafos sedosos, reflexivos e odorosos, e angelicais coros vocais de
natureza messiânica que emprestam toda uma aura litúrgica a este multicolorido
bacanal de instrumentos em debandada. A vistosa ilustração de feições
ritualÃsticas foi concebida pelo artista Manuel Lambertz que combina na
perfeição o universo visual com o universo musical. ‘Death Grip’ é um
embriagante elixir de mirabolante frenesim – por vezes anestésico, outras vezes
eufórico – que nos trava a respiração, fervilha o olhar e atesta de chamejante
fascinação. Uma obra-prima de estirpe abstracta e erudita que só vem empolar e inflamar
a já desmesurada paixão que nutro por estes monges nórdicos. Um dos mais fortes
candidatos a álbum do ano está aqui, na efervescente, electrizante e
afrodisÃaca alquimia jazzÃstica de Sex Magick Wizards onde o magnetismo,
a sagacidade, a extravagância e o erotismo caminham de mãos dadas.
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